(do
Transparência SP)
O
dia 13 de junho de 2013, uma quinta-feira, entrou definitivamente para a
história de São Paulo e do país.
A
partir desta data, aqueles que ainda relutavam, se convenceram de que
estamos distantes de um regime realmente democrático, e que nossas forças de
segurança pública fazem parte da estrutura autoritária.
A violência
desencadeada pela Polícia Militar em São Paulo, reprimindo o Movimento Passe
Livre e tudo o mais que aparecesse na frente - idosos, crianças, jornalistas -,
mostra que as forças de segurança pública e boa parte do aparelho de
Estado tratam as reinvindicações sociais por grupos organizados como
coisas de baderneiros, subversivos e ameaçadores da "ordem pública",
ideias que dominavam o país no período da ditadura civil-militar.
Pouco
avançamos na "radicalização da democracia", e esta será a questão-chave
para o país nas próximas décadas.
A
repressão policial do governo Alckmin representou apenas mais do mesmo, já que
a polícia é violenta todos os dias na periferia das grandes cidades, atacando
sobretudo os jovens negros. A novidade foi que a repressão se deu em regiões
nobres da capital paulista.
A
grande imprensa noticiou e condenou a violência apenas no dia, depois passou a
apoiar as manifestações, mas não sem antes dirigi-las para outros temas.
Do
repúdio à violência e repressão policial que se seguiu nas manifestações
gigantescas no dia 17 de junho de 2013 (segunda -feira), vimos gradativamente o
assunto ser esquecido, ganhando espaço outras demandas, pautadas pela grande
mídia através das redes sociais.
De
qualquer modo, o dia 13 de junho de 2013 estará marcado por muito tempo na
memória nacional. A partir deste dia, redescobrimos o Estado Autoritário que
ainda existe por aqui, bem como vimos a tomada das ruas por diversos grupos
sociais de cunho fascista.
O
Brasil, sem dúvida nenhuma, despertou mais perigoso. Um perigo não proveniente
apenas da insegurança pública, mas da incerteza política.
Podemos
seguir avançando na inclusão social, mas só com a ampliação da participação
popular na política. Caso contrário, tomaremos o caminho de governos mais autoritários,
de caráter messiânico, crentes em "medidas duras" em nome da boa
fé ou dos "bons mercados".
Chegamos
na encruzilhada. Devemos o início desta nova era de incertezas a Geraldo
Alckmin. Não poderia ser diferente.