Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo
A decisão de investir no atendimento dado pela polícia à população foi tomada pelo governador Geraldo Alckmin depois de uma constatação. Em seu primeiro mandato, ele foi o responsável pela retirada dos presos das carceragens dos distritos policiais da capital. A superlotação das celas obrigava os policiais civis a trabalhar como carcereiros, deixando de lado a investigação de crimes de autoria desconhecida. O Estado investiu na reestruturação e esperava resultados.
Quatro anos depois, Alckmin voltou ao governo e encontrou uma situação não muito diferente da que deixou: o índice de esclarecimento de crimes ainda é muito baixo em São Paulo. A chance de alguém ser processado depois de cometer um delito na capital é de 1 em 20 (5,2%), e em mais da metade dos casos isso só ocorre porque o bandido foi pego em flagrante - investigações resolvem apenas 2,5% dos casos.
A Polícia Civil criou um plano que modificou o atendimento de ocorrências, iniciado nas delegacias das zonas norte e leste da capital em outubro de 2009. Ele previa que os casos de flagrantes fossem feitos por delegacias específicas de cada região, livrando o maior número de policiais dos plantões para o trabalho de investigação - mas os resultados ficaram aquém do esperado, e o plano não foi estendido a outras áreas da capital.
Nem mesmo a redistribuição de efetivos da Polícia Civil foi concluída - a da PM foi executada no primeiro governo Alckmin. Essa medida devia corrigir distorções, como o fato de Sorocaba, com 550 mil habitantes, ter 11 distritos, enquanto Guarulhos, com 1,2 milhão de moradores, tem nove delegacias de bairro. Por enquanto, só alguns municípios das regiões de Campinas e Piracicaba passaram por ajuste. Ele prevê que o número de delegacias e de policiais em uma cidade leve em consideração população, criminalidade e indicadores sociais e econômicos.