Maria Lúcia Prandi
Tenho afirmado que nunca a Baixada Santista recebeu tantos investimentos federais. E, agora, há um motivo a mais para fazer a afirmação. É que o Governo Lula deverá financiar parte das obras viárias consideradas fundamentais para desafogar as vias de acesso ao Porto de Santos, Polo Industrial de Cubatão e bairros do município.
Finalmente, há possibilidade concreta de eliminar os gargalos rodoviários e estabelecer uma logística que elimine pontos críticos. Estão na lista de obras o trevo das rodovias Cônego Domenico Rangoni (antiga Piaçaguera-Guarujá) e Anchieta, no Viaduto Luiz Camargo da Fonseca e Silva; a duplicação do Viaduto Rubem Paiva (antigo 31 de março), no Jardim Casqueiro; a criação de uma terceira faixa na Piaçaguera, no trecho que vai até a região industrial da de Cubatão; e a ponte ligando a Alemoa à Ilha Barnabé, em Santos.
O secretário Nacional de Transportes, Marcelo Perrupato, realizou visita técnica à região, na última segunda-feira, para conhecer detalhes dos projetos e verificar os pontos mais críticos. A vinda é resultado de um encontro, na semana passada, intermediado pelo senador Aloizio Mercadante (PT), com a participação do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
As negociações estão andando rápido. A prefeita Márcia Rosa, de Cubatão, apresentou os projetos a Perrupato e, ao constatar in loco os problemas, o secretário nacional não teve mais dúvidas de que os investimentos são inadiáveis.
Perrupato chegou a dizer que, sob a ótica da engenharia de tráfego, alguns pontos do sistema rodoviário regional são de “arrepiar os cabelos”. E foi taxativo: “Não tem o que discutir se essas obras são prioritárias ou não. Elas devem ser feitas”. As ntervenções seriam incluídas no PAC 2, que é a segunda fase de ações do Programa de Aceleração do Crescimento.
O compromisso do Governo Lula com a Baixada Santista demonstra postura oposta à do Governo do Estado. Este tem antigas dívidas com a região, mantendo inúmeros projetos nas gavetas da burocracia. Os tucanos anunciam, prometem e ficam nisso. Apenas para citar um exemplo, lá se vão oito anos da entrega da pista descendente da Rodovia dos Imigrantes. O Estado assumiu para si, e não executou, diversas obras viárias complementares, cuja responsabilidade generosamente subtraiu da iniciativa privada.
Volta e meia uma dessas obras é anunciada, com estardalhaço e espaço na mídia, mas as palavras perdem-se ao sabor dos ventos. Tudo conto de fadas, faz de conta, oportunismo de quem apenas finge interesse pela Baixada Santista.
O governo tucano continua ignorando as demandas regionais. Entre dez obras sob responsabilidade do governo de São Paulo para enfrentar o gargalo logístico, apenas uma se concretizou – o viaduto do KM 262 da Piaçaguera-Guarujá. Pior: com o Rodoanel, quase 10 mil caminhões chegam mais rapidamente à região. Um colapso total na Piaçaguera é apenas um dos indícios do caos anunciado.
Felizmente, o Governo Federal entra em cena, com investimentos que deverão girar em torno de R$ 1,5 a R$ 2 bilhões, segundo estimativa inicial. Embora essa nova perspectiva seja aberta, não podemos deixar de cobrar a participação do Governo do Estado e nem permitir que este se mantenha de costas, ignorando as prioridades da nossa região.
*Maria Lúcia Prandi é deputada estadual pelo PT-SP
*Maria Lúcia Prandi é deputada estadual pelo PT-SP