No livro Um Certo Capitão Rodrigo, do Érico Veríssimo, o protagonista, Capitão Rodrigo Cambará, chega ao bolicho (venda) de Juvenal Terra (outro personagem da trilogia O tempo e o vento) e pronuncia a frase que virou símbolo de uma “gauchada” típica: “Buenas, e me espalho. Nos pequenos, dou de prancha, mas nos grande dou de talho”. Prancha, pra quem não sabe, é o lado do facão, com que os gaúchos andavam naqueles tempos, quase dois séculos atrás.
A cena me veio à cabeça, agora há pouco, lendo a resposta que Dilma Roussef deu para a idiotice grosseira que Serra cometeu ontem ao acusar o governo boliviano de ser “cúmplice” do narcotráfico.
“Não é possível, de forma atabalhoada, a gente sair dizendo que um governo é isso ou aquilo. Não se faz isso em relações internacionais. Este não é o papel de um estadista ou de quem quer ser estadista”, disse a pré-candidata ao ser questionada sobre a declaração de Serra., disse ela
“Não acho que este tipo de padrão, em que você sai acusando outro governo, seja uma coisa construtiva. Temos que ter cautela, prudência e saber que são relações delicadas, que envolvem soberanias. Mesmo sendo [a Bolívia] um país pequeno, e por ser um país pequeno, a delicadeza tem que ser maior”,
Mas bá, guri, estes anos em que Dilma se tornou gaúcha adotiva lhe entranharam a alma. Deu de talho no Serra, ao ensinar diplomacia e bons modos ao tucano.
E deu de prancha, também, ao dizer uma frase que a elite paulista poderia bem entender como descrição do que acontece em nosso próprio território:
“Não podemos ser um país desenvolvido cercado de miseráveis. Não podemos desprezar nossos vizinhos e olhar com soberba para países diferentes de nós. Esta é a política imperialista que leva à guerra, ao conflito e ao desprezo.”
extraído do Blog Tijolaço.com
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