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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Primeira mulher a presidir Sindicato dos Bancários de São Paulo assume o cargo

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Juvandia Moreira, que ocupou a secretaria-geral da entidade nos últimos seis anos, afirma que continuará a luta pela ampliação dos direitos e pela igualdade de oportunidades entre todos os trabalhadores, entre outras bandeiras

Publicado em 28/05/2010, 11:20
Última atualização às 12:35
Primeira mulher a presidir Sindicato dos Bancários de São Paulo assume o cargo
A nova presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira (Foto: SEEB/Divulgação)
São Paulo – O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região terá, a partir desta sexta-feira (28) uma mulher na presidência, a primeira em seus 87 anos de história (completados neste mesmo dia). Juvandia Moreira, que ocupava a secretaria-geral, assume o cargo ocupado nos últimos seis anos por Luiz Cláudio Marcolino.
Aos 37 anos, ela chega ao momento mais importante de uma carreira começada quase por acaso. Juvandia era uma jovem de Nova Soure, interior da Bahia, quando chegou a São Paulo, no início da década de 1990. Ela imaginava que estudar Direito seria o caminho correto para lutar por justiça mas, ao se empregar em um banco para custear a faculdade, percebeu que o caminho era outro. "Descobri que na luta dos trabalhadores se faz muito mais justiça que com o Direito", afirma.
Juvandia promete continuidade em relação à atual gestão, lutando para manter o aumento real de salário e a ampliação dos direitos, além de seguir freando as atitudes patronais que desrespeitam o trabalhador e geram problemas de saúde. Sobre o peso de ser a primeira mulher a comandar um dos mais importantes sindicatos do país, ela promete luta por igualdade de oportunidades.
Leia também:

Ouça também a entrevista com Juvandia Moreira na Rádio Brasil Atual:

Leia trechos da entrevista que a nova presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região concedeu à Rede Brasil Atual.
Rede Brasil Atual: Qual o desafio de assumir esse cargo, especialmente sendo a primeira mulher à frente do sindicato?
Juvandia Moreira: É sempre um grande desafio. É um sindicato que tem uma história de luta, conquista, são 87 anos. Muitas dessas conquistas viraram referência para a classe trabalhadora como um todo. E para a sociedade brasileira. Nosso sindicato tem uma visão social, sabe da sua importância.

Por exemplo, lutamos contra a ditadura militar. Os militantes que aqui estavam retomaram o sindicato em 1978, lutando pela democratização do país, pelas Diretas Já. Participamos dessa luta fortemente, mobilizamos os bancários e a sociedade para isso.
Construímos uma central sindical (CUT) que é a quinta maior do mundo e a maior da América Latina. Estávamos lá pensando no princípio dessa central, para que fosse de massa, democrática, para organizar a classe trabalhadora.

É um desafio grande assumir esse sindicato. Muitos de nossos militantes viraram quadros políticos. Ricardo Berzoini (deputado e ex-ministro do Trabalho), Luiz Gushiken (ex-deputado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República). Gushiken, como deputado, foi um dos responsáveis pelo projeto de previdência complementar.
Independentemente de ser homem ou mulher, é uma responsabilidade grande estar aqui. Agora, sendo uma mulher, é uma responsabilidade maior por ser a primeira a assumir. É um símbolo, claro, que diz que a mulher pode ser presidente de um grande sindicato, quer ocupar os cargos de direção, o poder. Metade de nossa categoria é mulher e portanto tem de estar representada.
Vamos continuar seguindo a linha de um sindicato-cidadão. As mulheres, no mercado de trabalho brasileiro e na categoria, têm salários menores que os homens. A gente tem de lutar. Uma bandeira dessa diretoria é a igualdade de oportunidades.
A fusão Itaú-Unibanco, a compra do Real pelo Santander, de que maneira isso traz novas pautas ao sindicato ou reforça lutas antigas?
Mais do que nunca, a gente tem discutido e acompanhado o emprego bancário. Lutando contra as demissões nesse processo de fusão. Esses bancos, cada um deles separadamente, eram empresas lucrativas, com rentabilidade altíssima, e que têm condição de incorporar o emprego dos trabalhadores todos, de manter esses empregos.

A gente fez negociação e vamos continuar acompanhando, discutindo com esses bancos. Esses dias saiu a comparação do emprego em vários setores e o setor financeiro é um dos que menos ampliou o número de vagas em 2009, sendo que é um dos que mais lucrou. Os bancos não sofreram com a crise internacional, mas ampliaram muito pouco. A ampliação está mais nos bancos públicos, o que é uma conquista nossa. Conseguimos novas contratações no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.
Quais outras prioridades para o sindicato?
A gente tem entre as prioridades o aumento real de salário. Conquistamos, por greve e por luta, o aumento real de salários. Ampliar a participação nos lucros e resultados, o tíquete-alimentação, auxílio à educação.

Estruturar um plano de carreiras, cargos e salários que tenha regras claras, além da questão de saúde e do trabalho, que é um problema muito sério. As metas são cada vez mais inatingíveis e há assédio moral.
Na economia brasileira, muito se voltou a discutir a questão dos juros altos, mas quase sempre pelo lado do empresariado. Qual o impacto desse juro alto para o trabalhador?
O juro alto tem impacto para toda a sociedade. Imagine que você vai pegar um crédito pessoal para qualquer consumo, para um micro-empreendimento. Quanto maiores as taxas de juros, mais caro você vai pagar, mais dinheiro vai ficar para o banco.

Em uma situação em que a economia está crescendo, em que tem havido aumento de renda por conta das políticas de governo, não tem cabimento que as taxas e juros sejam tão altas. Precisa baixar porque isso deixa mais renda líquida no bolso do trabalhador.

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