Situação em Campinas preocupa partido
(do Valor Econômico) |
Na tentativa de se manter no cargo, o prefeito de Campinas, Dr. Hélio (PDT), busca apoio no PT e cobra a fatura por ter apoiado o partido e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em crises do governo petista e nas eleições. Como prefeito, Dr. Hélio defendeu a manutenção do PDT na base do governo Lula em 2003, quando o ex-governador Leonel Brizola, morto em 2004, se rebelou contra a gestão. Durante a crise do mensalão, em 2005, defendeu Lula e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Em 2006, articulou a campanha de reeleição de Lula no interior paulista, ao comandar um comitê suprapartidário, ação repetida em 2010, para a eleição presidencial de Dilma Rousseff. É respaldado por essa parceria que o prefeito alicerça sua defesa. Nesta semana, o presidente do PT paulista, Edinho Silva, prestará depoimento como testemunhas de defesa do pedetista. Dirceu defendeu Dr. Hélio depois que a gestão virou alvo de investigação do Ministério Público Estadual. As denúncias indicam fraudes em licitações na empresa pública de saneamento Sanasa com a prefeitura. A primeira dama, Rosely Nassim Santos, e o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), seriam os mentores do esquema. Espalhado pela prefeitura, está um grupo de mato-grossenses-do-sul que, segundo as investigações, sustentariam o esquema. Vários têm passagens por prefeituras do Mato Grosso do Sul - em especial de Corumbá, cidade natal de Dr. Hélio- e também pelo governo do Estado. A chamada "República do MS", no governo campineiro desde 2005, conta com o ex-presidente da Sanasa Luiz Aquino, delator do esquema e amigo de infância do prefeito; o diretor de Planejamento Ricardo Cândia, ex-prefeito de Corumbá, é apontado como braço-direito da primeira-dama nas fraudes; Francisco de Lagos, ex-secretário de Campo Grande na prefeitura de Lúdio Coelho (PSDB), era coordenador de Comunicação da prefeitura de Campinas; o ex-diretor técnico da Sanasa, Aurélio Cance Junior, que seria responsável pela arrecadação de dinheiro de obras, é irmão do atual superintendente de Gestão da Informação do governo de André Puccinelli (PMDB), André Luiz Cance, e foi vereador em Campo Grande. Com o cenário desfavorável para o PDT e PT, projeta-se Jonas Donizette (PSB), deputado federal mais bem votado no município em 2010, com 16% dos votos. Donizette concorreu à prefeitura em 2004 e 2008. No PSDB, o deputado federal Carlos Sampaio, que disputou a prefeitura nas últimas três eleições, é cotado, assim como a deputada estadual Célia Leão. O vereador Artur Orsi ganhou projeção como principal articulador do movimento pela saída do prefeito. O ministro dos Esportes, Orlando Silva (PCdoB), que transferiu seu título eleitoral para Campinas, era considerado pré-candidato dos governistas antes do escândalo. Participou com regularidade de eventos na cidade em 2010 e sua esposa, a atriz Ana Petta, nasceu e mora em Campinas. Mas, segundo integrantes da sigla, dependeria do andamento tranquilo das obras para a Copa em 2014 e Olimpíada em 2016, além do apoio do prefeito, o que, dada a circunstância, não é desejo de nenhum candidato. |