Decidir.com, que se dedicava a encontrar a “oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”, contou com silêncio de BC, Banco do Brasil e Ministério da Fazenda
Publicado em 11/09/2010, 10:50
Última atualização às 11:06
São Paulo – Durante 20 dias, os dados fiscais de 60 milhões de brasileiros ficaram expostos à visitação pública na internet. Foi em janeiro de 2001, graças à ação da Decidir.com, empresa que tinha entre os sócios Verônica Serra, hoje promovida a ponto central da campanha do pai, José Serra, devido à violação de seu sigilo.
A revista Carta Capital deste fim de semana revela, na reportagem Sinais trocados, o intrincado episódio, que ficou sem resposta do Banco Central e do Ministério da Fazenda, ambos sob controle do PSDB de Fernando Henrique Cardoso. O presidente da Câmara naquele momento, Michel Temer (PMDB), pediu em vão ao presidente do BC, Armínio Fraga, que explicasse a violação, que permitiu também o acesso dos dados do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF).
O jornal Folha de S. Paulo chegou a falar sobre o caso, mas sem citar Verônica Serra e sua sócia, Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, e sem dar sequência aos fatos. De acordo com a reportagem de Leandro Fortes, levar adiante outra investigação envolvendo Serra, que já figurava em uma apuração sobre desvio de dinheiro das privatizações, poderia enterrar as pretensões do tucano de ser candidato à Presidência no ano seguinte – daí o silêncio dos meios de comunicação de grande circulação.
Decidir.com
A Decidir.com teria obtido acesso aos dados de milhões de brasileiros graças a uma operação inexplicada com o Banco do Brasil, também sob a presidência de um tucano, Paolo Zaghen. A empresa, inativa desde 2002 no país, dedicava-se supostamente a “orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas”. Mas, na própria página da corporação, havia outra explicação: “Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado.” Nas palavras de Leandro Fortes, tratava-se de um balcão facilitador montado nos Estados Unidos tendo como sócias a filha do então ministro da Saúde e a irmã de um banqueiro que participou ativamente das privatizações do governo FHC.
De acordo com o livro Os porões da privataria, que será lançado em 2011 pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., a Decidir.com foi financiada basicamente pelo Banco Opportunity, de Dantas, e rapidamente transferiu sua sede e parte de seu patrimônio, de R$ 10 milhões, para um paraíso fiscal. As duas Verônicas, Dantas e Serra, decidiram deixar a “empresa-camaleão” em março de 2001. Durante, portanto, a “operação-abafa” feita em torno do caso.
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