Crítica é à política para escolas públicas, com disputa entre professores por reajuste. O candidato do PSOL prometeu quadruplicar atendidos pelo Bolsa Família
Por: Suzana Vier e Anselmo Massad, Rede Brasil Atual
Publicado em 09/08/2010
São Paulo – O candidato à Presidência da República Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) criticou a política de educação implantada em São Paulo pelo ex-governador e atual concorrente ao Planalto, José Serra (PSDB). Para Plínio, a gestão tucana criou uma competição sem sentido entre professores da rede pública.
"O Serra vem aí depois e vocês vão ver o que ele fez na educação pública de São Paulo", cutucou. "Para o professor receber aumento, a sala dele tem de competir com outras salas; tudo para ganhar R$ 200. Isso é uma indignidade", prosseguiu.
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A referência é ao modelo de reajuste adotado na gestão estadual em que apenas uma parcela dos docentes recebem reajustes, baseados no desempenho de seus alunos e da escola. "Serra inventou o 'bicho' (prêmio, no jargão do futebol) na educação em São Paulo", comparou.
As declarações foram feitas durante o evento "Candidatos à Presidência falam aos empreendedores do Brasil", promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Além do candidato do PSOL, Serra e Marina Silva (PV) passaram pelo evento. Dilma Rousseff (PT), o nome governista na disputa, cancelou sua participação. À noite, a candidata é a primeira presidenciável a participar de entrevista no Jornal Nacional, da Rede Globo.
No evento, o presidente da entidade, Alencar Burti, entregou ao candidato as "Propostas para o Próximo Presidente", um conjunto da revista Digesto Econômico, publicada pela entidade, que soma 600 páginas.
Durante os 90 minutos em que falou aos empresários, Plínio mandou recorrentes "abraços aos companheiros da associação comercial", uma ironia ao fato de dialogar com uma plateia avessa a seu ideário. "Alimento a esperança de conseguir muitos votos aqui", repetiu, tirando risos da audiência. A sério, porém, fez a ressalva de que, apesar de ser do PSOL e de defender o socialismo, isso não será implantado de uma hora para outra, mas é uma questão de décadas.
Entre suas propostas para os empresários, Plínio citou Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) como uma das ações que beneficiariam o setor produtivo. "Vocês vão vender muito", prometeu. A Alba é uma plataforma de integração regional em padrões contrários aos de mercado, da qual participam Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia e outros países centro-americanos.
Outra frente de ações para os empreendedores seria "segurar a China, para ela não acabar com vocês", disse o candidato, buscando um diálogo com o público.
Bolsa Família
O concorrente do PSOL manteve seu discurso de apontar a desigualdade social como principal alvo das políticas de um eventual governo encabeçado por ele. Seu "programa drástico de distribuição de renda" inclui reforma agrária e redução da jornada de trabalho, entre outras medidas.
Ele criticou o modelo do Bolsa Família e afirmou ser desejável quadruplicar em quantidade, mas reduzir o tempo de permanência no programa de transferência de renda. Isso "para não fazer do pobre um 'freguês'". Apontado como assistencialista por setores à esquerda e à direita em eleições passadas, o Bolsa Família é raramente alvo de críticas na campanha deste ano.
Plínio voltou a defender limites de 500 hectares para as propriedades rurais no país. Também lamentou os ataques sofridos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e convidou os participantes a visitar um acampamento para "ver o que tem debaixo da lona preta, a um calor de 40º".