(do BOL Notícias) Após quatro meses, trecho sul do Rodoanel recebe mais barreiras. Quatro meses após a abertura ao tráfego do trecho sul do Rodoanel, o governo de São Paulo decidiu instalar mais 31 quilômetros de barreiras de concreto para aumentar a segurança da rodovia, que acaba de registrar a sua primeira morte.
O metalúrgico Antonio da Silva Pereira, 33, perdeu o controle do carro, saiu da pista e caiu na represa Billings, em Santo André, onde morreu afogado --seu corpo só foi encontrado anteontem (4).
O metalúrgico Antonio da Silva Pereira, 33, perdeu o controle do carro, saiu da pista e caiu na represa Billings, em Santo André, onde morreu afogado --seu corpo só foi encontrado anteontem (4).
No local onde ele caiu não existem as tais barreiras, uma espécie de guard-rail de concreto, que visa evitar o que ocorreu com Pereira.
O edital de licitação diz que elas têm "a finalidade de reconduzir à pista veículos desgovernados, com desaceleração suportável pelo organismo humano e com um mínimo de danos ao veículo".
A instalação deve acabar em quatro meses. As barreiras serão colocadas em "pontos estratégicos", segundo a Dersa, como as interligações com a via Anchieta e a rodovia dos Imigrantes. Ela não informou se o local do acidente ganhará a proteção.
Hoje, de acordo com o governo, a via já tem 115 km de barreiras --somadas as metálicas e as de concreto.
OUTRAS MEDIDAS
A instalação das barreiras se soma a outras medidas de segurança adotadas já com a rodovia aberta ao tráfego.
Uma delas é a colocação de câmeras de monitoramento --o corpo do metalúrgico levou dois dias para ser achado porque o local da queda (km 82) não tem câmeras.
Pórticos para sinalização e painéis de mensagens variáveis são outras medidas que estão sendo tomadas agora.
Após 12 dias de tráfego, o governo já havia sido obrigado a instalar um sistema de drenagem no km 79 por conta de várias aquaplanagens.
Nesta semana, a Polícia Militar Rodoviária também decidiu reforçar a segurança no trecho sul do Rodoanel, elevando de 4 para 17 o número de carros que fazem o patrulhamento na rodovia.
Em nota, a Dersa informou que a instalação das barreiras é "uma medida de segurança adicional que, em conjunto com as barreiras flexíveis e rígidas instaladas, irá garantir a segurança da via".
Afirmou ainda que na concorrência para a obra só foram incluídos os "elementos essenciais para garantir a segurança da operação da via".
Sobre as demais medidas, como câmeras e divulgação de mensagens aos motoristas, afirmou que a licitação para a construção do trecho sul "teve início em 2003 e, a partir de então, foram sendo definidos os melhores sistemas de monitoramento e comunicação com usuários".
Para a tenente Fabiana Pane, porta-voz da Polícia Militar Rodoviária, é normal que a segurança seja aperfeiçoada agora. "Começamos a detectar alguns problemas só com a rodovia em operação."
"SEM PLANEJAMENTO"
O engenheiro Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa (1983-87), discorda. "O Rodoanel é um projeto feito de afogadilho, apesar de ter demorado 11 anos", disse. Bottura afirmou que "reconhecer o erro é divino", mas que adotar medidas adicionais de segurança com a obra pronta revela problemas.
"Projeto e planejamento teriam resolvido isso", disse Bottura, para quem a concepção do trecho sul do Rodoanel teve "pouco ou quase nada" de planejamento. Além de apontar falhas na elaboração do projeto, Bottura acredita que adotar, com a via já pronta, medidas extras para deixá-la mais segura tem outra consequência.
"Fazer isso agora seguramente será muito mais caro do que se fosse feito à época." Segundo a Dersa, o contrato para a colocação de mais 31 km de barreiras deve ficar em R$ 11,7 milhões.
Para ele, a definição prévia de quanto a rodovia é segura influencia outras questões. "Como é que você vai definir a velocidade, por exemplo, se você não conhece as condições de segurança?"
A Dersa diz que o trecho sul do Rodoanel é seguro e que, em quatro meses, foram registrados 218 acidentes, "a maioria sem gravidade".