A Educação é a terceira maior preocupação dos brasileiros nestas eleições, segundo uma pesquisa realizada pelo Movimento Todos Pela Educação e o Ibope. Levantamento da Bancada do PT na Assembleia Legislativa revela o descumprimento de metas, nos Governos Alckmin/Serra, em diversas ações essenciais do setor, como a inclusão de jovens e adultos (EJA) no ensino médio, aperfeiçoamento profissional de educadores do ensino médio e informatização da rede escolar.
Um dos pontos mais fracos das administrações de José Serra e Geraldo Alckmin, o setor é visto com preocupação especialmente em relação ao ensino médio, que foi tema de um encontro realizado esta semana em São Paulo pelo Movimento e pelo Instituto Unibanco.
Os especialistas que participaram do encontro “A Crise de Audiência no Ensino Médio” foram unânimes em destacar a importância de superar os problemas nesta etapa da vida escolar, essencial para a inserção dos jovens no mercado de trabalho e também na redução de deliquência juvenil.
Para se ter uma ideia dos problemas gerados com o descaso com o ensino médio, basta dizer que o desemprego é maior para quem não concluiu o ensino médio do que o fundamental e isso influencia até nos indicadores de Segurança Pública.
“O nível de desemprego entre os jovens - que é três vezes maior que nas outras faixas etárias - existe por falta de qualificação e não por falta de vagas. Estamos perdendo os jovens, ao não oferecer condições mínimas de inserção”, explicou a superintendente do Instituto Unibanco, Wanda Engel, que considera o Ensino Médio, ‘uma bomba relógio”.
Para o diretor de Concepções e Orientações Curriculares para a Educação Básica do MEC, Carlos Artexes, “diversos fatores influenciam na crise no ensino médio; entre eles, a falta de diálogo da escola com os interesses dos jovens.
Só giz e lousa
Aproximadamente 85,6% dos alunos do ensino médio do País são atendidos pelas redes estaduais. Apesar de ser o estado mais rico da Federação, São Paulo está muito longe de oferecer ensino de qualidade para os mais de 5 milhões de estudantes que freqüentam a rede estadual.
O Estado sofre com problemas gerados pelo descumprimento de metas. No ensino técnico, por exemplo, as metas para expansão de vagas no ensino técnico estabelecidas no Plano Prurianual ficaram aquém do previsto entre os anos de 2008 e 2009 em 51%, o que significa que deixaram de ser criadas neste período 35.800 vagas.
Na maioria das escolas estaduais, os professores têm apenas giz e lousa para ensinar e dialogar com os alunos. A utilização de recursos tecnológicos ainda é um sonho distante para os professores da rede estadual. Durante o Governo de Geraldo Alckmin, o programa de informatização do ensino médio, por exemplo, garantiu a instalação de apenas 20 salas ambiente de informática das 780 previstas, em 2004, e nenhuma das outras 780 previstas para serem instaladas no ano seguinte.
Conheça também alguns indicadores do ensino médio durante o Governo Serra, segundo o Plano Plurianual (PPA), que reúne as metas fiscais previstas e as realizadas pela administração pública
- Inclusão de jovens e adultos no EM (ensino médio) e EJA (educação de jovens e adultos): No último ano, estava prevista a inclusão de 400 mil jovens e adultos na rede de ensino, mas o Estado matriculou apenas 295.041 estudantes.
- Aperfeiçoamento Profissional de Educadores do Ensino Médio: Dos 120 mil professores que deveriam participar de capacitação em 2008, apenas 8.944 tiveram acesso ao programa. Em 2009, o nível de atendimento subiu levemente, mas continuou muito abaixo do previsto: somente 58.053 educadores da rede estadual, dos 120 mil citados no PPA, foram capacitados.
- Reformas e melhorias em prédios escolares: Em 2008, o PPA estabelecia a readequação de 5.600 prédios escolares, mas apenas 2.390 foram ‘reformados’.