José Serra, que andou ameaçando o Mercosul, sempre orientado por questões de mercado e não de relações entre países e povos, deveria conversar com Lula para saber o que é solidariedade entre vizinhos e como isso pode resultar em ganhos conjuntos. Lula poderia lhe contar, por exemplo, como o Brasil ajudou o Chile a ser o local para a instalação do maior telescópio do mundo a ser construído pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). É oE-ELT (European Extremely Large Telescope), que será “o grande olho no céu” – o maior telescópio óptico e infravermelho do mundo, com um espelho de 42 metros de diâmetro.
A história completa está na edição do último domingo do jornal chileno El Mercúrio. O E-ELT estava entre o Cerro Armazones, no deserto do Atacama, no Chile, e a ilha de Palma, na Espanha. Apesar do céu do deserto chileno ser considerado o melhor local do mundo para observações astronômicas, pesavam na decisão da ESO os 300 milhões de euros que a Espanha aportaria ao projeto se fosse a escolhida.
O Chile, pelas suas condições meteorológicas – o local onde será instalado o telescópio tem uma média de 320 noites propícias à observação por ano – já é o destino, hoje, onde cientistas brasileiros vão buscar oportunidades de estudos mais avançados.
Em meio à disputa, o governo chileno soube que o financiamento pesava na proposta e o presidente Piñera iniciou gestões com o Brasil para compensar a quantia que faltava para a conclusão do projeto. Piñera teve um encontro com Lula no dia 9 de abril, em Brasília, e o presidente brasileiro se comprometeu a enviar um comunicado à direção da ESO na Alemanha.
Lula sabia que o observatório no Chile beneficiaria também a nossa ciência, e escreveu uma carta dizendo que ao Brasil interessava participar da ESO desde que o telescópio gigante estivesse em um país sul-americano. Segundo o El Mercúrio, uma semana depois da carta de Lula, o Chile foi escolhido o local do novo telescópio, uma decisão que surpreendeu o governo chileno, que só a esperava para junho.
Pode ser que Lula nem tenha tido essa influência toda, mas deu uma grande demonstração de solidariedade ao Chile, cujo governo está ideologicamente muito longe do brasileiro. Com isso, também garantiu ao Brasil a condição de sócio astronômico do Chile e participação no projeto do telescópio gigante.
Mas tem gente que, de tão tecnocrata, não enxerga longe nem de telescópio. Para estes não valem os versos de Bilac: (…)só quem ama pode ter ouvido/ capaz de ouvir e de entender estrelas.
O Chile, pelas suas condições meteorológicas – o local onde será instalado o telescópio tem uma média de 320 noites propícias à observação por ano – já é o destino, hoje, onde cientistas brasileiros vão buscar oportunidades de estudos mais avançados.
Em meio à disputa, o governo chileno soube que o financiamento pesava na proposta e o presidente Piñera iniciou gestões com o Brasil para compensar a quantia que faltava para a conclusão do projeto. Piñera teve um encontro com Lula no dia 9 de abril, em Brasília, e o presidente brasileiro se comprometeu a enviar um comunicado à direção da ESO na Alemanha.
Lula sabia que o observatório no Chile beneficiaria também a nossa ciência, e escreveu uma carta dizendo que ao Brasil interessava participar da ESO desde que o telescópio gigante estivesse em um país sul-americano. Segundo o El Mercúrio, uma semana depois da carta de Lula, o Chile foi escolhido o local do novo telescópio, uma decisão que surpreendeu o governo chileno, que só a esperava para junho.
Pode ser que Lula nem tenha tido essa influência toda, mas deu uma grande demonstração de solidariedade ao Chile, cujo governo está ideologicamente muito longe do brasileiro. Com isso, também garantiu ao Brasil a condição de sócio astronômico do Chile e participação no projeto do telescópio gigante.
Mas tem gente que, de tão tecnocrata, não enxerga longe nem de telescópio. Para estes não valem os versos de Bilac: (…)só quem ama pode ter ouvido/ capaz de ouvir e de entender estrelas.