Presidente da Comissão da Saúde e Higiene, o deputado Fausto Figueira coordenou na tarde desta terça-feira uma reunião para discutir as medidas de prevenção adotadas pelos Governos Estadual e Federal em relação à epidemia de dengue. Evaldo Stanislau, médico infectologista do Hospital Ana Costa, de Santos, confirmou que a omissão da Secretaria Estadual da Saúde diante da epidemia foi um dos fatores responsáveis pelo aumento do número de casos na Baixada.
“Como médico posso afirmar que a negação da epidemia contribuiu com o aumento do número de casos”, afirmou em resposta ao questionamento do deputado Fausto Figueira, que relatou que o secretário-adjunto da Saúde, Nilson Ferraz Paschoa, negou que houvesse epidemia de dengue na Baixada Santista durante uma visita à região.
“Faltou informação, muitos pacientes chegaram à UTI porque não houve acompanhamento desde o início do aparecimento dos sintomas. A Baixada Santista registrou 30 mortes por causa da doença”, denunciou Fausto.
O médico Evaldo Stanislau acredita que uma epidemia de dengue pode ser enfrentada sem que haja mortes, desde que seja possível aos profissionais da saúde pública garantir à população monitoramento dos casos, locais adequados para atendimento dos casos suspeitos e outras medidas assistenciais.
Economia de verbas públicas
O deputado petista Marcos Martins, membro efetivo da Comissão de Saúde, apresentou reportagens recentes dos principais jornais que destacam o fato de que a “dengue causa o maior número de mortes no Estado de São Paulo”. Marcos Martins denunciou também a ‘economia’ do Governo do Estado quando o assunto é Saúde.
“Os recursos previstos em diversas ações na área da Saúde não foram cumpridos em São Paulo. O governo gastou menos do que o previsto em Vigilância Sanitária e Epidemiológica, apoio e orientação aos municípios, exames em laboratórios públicos, vacinação de rotina, capacitação e aperfeiçoamento de profissionais de saúde”, denunciou Marcos Martins.
Também integrante da Comissão, o deputado José Augusto (PSDB) justificou a execução orçamentária abaixo do previsto na área. "Os recursos previstos para a Saúde são verbas públicas e devem ser economizados", justificou.
A diretora da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde, Melissa Mascheretti Siciliano, disse que a Secretaria tem um Plano de Controle de Dengue, que foi apresentado aos secretários municipais de Saúde antes do início do verão, que é a época onde ocorre a maior incidência de casos da doença, como comprovou o médico infectologista do Hospital Ana Costa, que informou que o número de hemogramas de emergência saltou de 260 para mais de 1000 no hospital santista nos primeiros meses de 2010. Apriximadamente 80% destes exames apresentavam resultados compatíveis com a doença.
“O combate à dengue precisa também de métodos de controle biológico. A mera ação dos fiscais não é suficiente para conter a epidemia. A subnotificação também é preocupante, já que a informação correta sobre o número de casos pauta as políticas públicas de controle da doença”, explicou, apontando para um outro problema já denunciado pelos deputados petistas à Comissão de Saúde e Higiene: o avanço da dengue no Estado não foi registrado pelos boletins oficiais da Secretaria Estadual da Saúde. Em muitas regiões, os números das secretárias municipais eram maiores do que o registrado pelo Governo do Estado.
Durante a reunião, o médico Natalino Anjula fez uma apresentação técnica do teste para detecção do antígeno qualitativo NS1 (dengue).
Os deputados Fausto Figueira e Marcos Martins reforçaram o convite para que o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, compareça à Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia para a prestação de contas e explicação das ações no setor.