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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Folha pratica censura em pesquisa das eleições 2010

/ On : segunda-feira, maio 17, 2010 - Contribua com o Transparência São Paulo; envie seu artigo ou sugestão para o email: transparenciasaopaulo@gmail.com

extraído do blog Tijolaço.com

Não que os demais jornais pratiquem jornalismo – ia dizer jornalismo com equilíbrio, mas me pareceu pleonasmo -, deixando que nós, nos blogs, sejamos aquilo que a ombudswoman da Folha sejamo, como ela disse em seu texto de estréia, sejamos os “trogloditas de espírito”.  Mas os meninos e meninas sofisticados da Alameda Barão de Limeira, com sua linguagem empolada e seus critérios “ultrasuperextra” obejtivos, conseguiram se superar: passaram a censurar completamente a notícia do seu jornal.
A pesquisa Vox Populi, divulgada ontem, simplesmente não existe na edição de papel. Nem mesmo na versão digital do jornal, disponibilizada a seus assinantes e que reproduz a impressa. O Estadão teve a dignidade de registrar numa chamadinha na primeira – mínima, é verdade. O Globo, onde aquela palavra tem de ser sussurrada na redação, colocou uma pequena nota, na barte de baixo da página 11. Não vou ficar discutindo o equilíbrio dos jornais, embora já me arrependa de ter achado jornalismo equilibrado um pleonasmo.
Folha, não. Omitiu, suprimiu, sonegou e censurou a informação. Não fez isso na sua edição online porque seus leitores, ali, sabem que isso aconteceu. Fez, na edição impressa, para que os seus demais leitores, que não navegam na internet, não soubessem o que aconteceu.
Por isso, não me arrependo em nada do que disse antes do jornal e gostaria de ver alguns personagens, que com sofisticadas argumentaçoes sobre o que é publicado à esquerda e à direita da página, horários de fechamento, etc, viessem justificar a atitude do jornal. A notícia da pesquisa saiu no Correio Braziliense pouco antes das 18 horas; às 18:01h este blog aqui – precário, mambembe, trabalhando com um daqueles modems nojentinhos da Claro, que parece uma tartaruga cibernética – colocou a informação no ar.
O nome do que a Folha de S. Paulo faz não é outro senão censura.
Mas a Folha não é a Globo dos “áureos” tempos da ditadura, ou ditabranda, como quer o jornal. Nunca deteve e muito menos detém agora, o monopólio da informação. E nem seu Datafolha detém o monopólio da “verdade” das pesquisas eleitorais. Vai ter de recuar. Aliás, já está tendo de se explicar aos leitores.
Um exemplo ridículo, mas revelador, é o quadrinho – que reproduzo aí ao lado – em tenta explicar porque adotou a “vinheta” Presidente 40 (e cinco), algo totalmente esdrúxulo. Não foi porque este blog e outros apontaram-lhe a “folhice”. Foi porque seus leitores não entenderam a razão de algo que, pensando bem, não é mesmo para entender.

Por isso não é difícil dizer o que vai acontecer. Esta semana, o Datafolha vai registrar nova pesquisa no TSE. O resultado vai revelar uma diferença em favor de Serra menor que os dez pontos da última pesquisa. E a redução vai ser atribuída “ao programa do PT em rede de rádio e televisão”. Aquele tal, “abusivo, ilegal, etc, etc…”.
O mesmo argumento será usado para se noticiar, dependendo do resultado, a pesquisa Sensus/CNT que deverá ser divulgada na segunda-feira. Pouco importa que a pesquisa Vox Populi tenha encerrado as entrevistas no dia do programa do PT e que seja difícil imaginar que os entrevistadores fossem bater na porta das pessoas depois das 21 horas. Ou que a Sensus tenha começado a coleta na segunda-feira e que só um dos cinco dias de entrevistas tenha sido após o programa.
A verdade deixou de ter importância no antigo jornal da Avenida Barão de Limeira. A Folha está cada vez mais parecida com a Veja, onde os repórteres são mandados preencher as matérias que já de definiu o que vão dizer, nem que para isso sejam levados a forjar entrevistas que não aconteceram, como fizeram com dois antropólogos, há poucos dias.
Embora já tenham perdido a inibição moral e mandado fatos e escrúpulos às favas, os fatos estão aí, teimando em bater-lhe a porta. Por isso, vão ter de começar a operação “desce o Serra”. Com jeitinho, com vagar, só um pouquinho, na esperança que algo lhe dê condições de ser empurrado pesquisa acima de novo.
A esperança é a última que morre. Morre, aliás, bem depois da decência e da credibilidade.

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