Editorial TSP Educação Eleições Contas Públicas Imprensa Política Precatórios Privatizações Saneamento Saúde Segurança Pública Servidores Transporte
Agora São Paulo Assembléia Permanente Brasília Confidencial Carta Capital Cloaca News Conversa Afiada Cutucando de Leve FBI - Festival de Besteiras na Imprensa Jornal Flit Paralisante NaMaria News Rede Brasil Atual Vi o Mundo
Canal no You Tube
Agora São Paulo Assembléia Permanente BBC Brasil Brasília Confidencial Carta Capital Cloaca News Conversa Afiada Cutucando de Leve FBI - Festival de Besteiras na Imprensa Jornal Flit Paralisante NaMaria News Rede Brasil Atual Reuters Brasil Vi o Mundo

sábado, 24 de abril de 2010

Demora no atendimento do SAMU acaba em morte em São Paulo

/ On : sábado, abril 24, 2010 - Contribua com o Transparência São Paulo; envie seu artigo ou sugestão para o email: transparenciasaopaulo@gmail.com
22 DIAS ATRÁS postamos e mantivemos COM DESTAQUE em nosso blog a postagem GOVERNO DE SÃO PAULO REJEITA AMBULÂNCIAS DO SAMU, alertando sobre o descaso do governo do Estado de São Paulo com a manutenção da ambulâncias DOADAS PELO GOVERNO FEDERAL, provocando uma "municipalização forçada"; o resultado está estampado em manchete.

Segue a notícia do R7
publicado em 24/04/2010 às 16h45:

Demora em atendimento do Samu
acaba em morte em São Paulo
Central do serviço demorou 1h40 para repassar chamado a ambulância
Fernando Gazzaneo e Lumi Zunica, do R7














·É sábado de manhã e a central do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) recebe um chamado para prestar socorro a um morador de rua que estava inconsciente, respirava com dificuldade e tinha os sinais vitais alterados, conforme relatou a pessoa do outro lado da linha. Dez minutos depois, no Arsenal da Esperança, albergue da Prefeitura de São Paulo no centro da cidade, os enfermeiros do serviço encontram a vítima trancada no banheiro, desmaiada no chão e com o corpo sujo de fezes e urina.

Isso aconteceu no dia 27 de fevereiro deste ano. A ambulância do Samu destinada para atender Odair de Souza, de 37 anos, demorou um minuto para sair da base após receber o chamado e levou menos de dez para chegar ao albergue. No entanto, o paciente esperava o socorro havia quase duas horas - a central de operações do Samu demorou 1h40 para repassar o chamado à ambulância, de acordo com a ficha de atendimento. O paciente foi levado a um hospital da zona leste, mas, no mesmo dia, morreu de broncopneumonia.
O caso não pode ser considerado exceção. A reportagem do R7 fez um levantamento com base em numerais de ordem do Samu, documentos que mostram o tempo exato de cada passo das equipes, e encontrou chamados que deveriam receber prioridade no atendimento, mas que demoraram até quatro horas para serem repassados às equipes de socorro.

Com dificuldades para respirar e dor no abdômen, um cadeirante de 73 anos pediu socorro às 12h36 de 24 de fevereiro, mas a ambulância só recebeu o chamado às 17h01. Uma mulher de 86 anos sofreu uma queda, chamou o Samu às 6h47 do dia 16 de março e o socorro chegou só uma hora depois. O serviço demorou uma hora para atender, em 4 de abril, um paciente de 61 anos com histórico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) que convulsionava e, mais de uma hora e meia, para prestar os primeiros socorros a uma gestante com sangramento no dia 6 de abril.
Confira também

·         Motoristas do Samu protestam
A reportagem do R7 relatou esses casos à coordenação do Samu, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, as informações "não são suficientes para determinar a classificação de prioridade". Entretanto, como explicou o coordenador do Samu, Paulo Kron, as ocorrências que envolvem coração, cérebro e traumas devem ser consideradas de urgência pelas equipes por causa do risco de morte.
Quanto ao caso do morador de rua, o Samu afirmou que a ocorrência será apurada com rigor por uma comissão.
Atendimentos de emergência
O médico Augusto Scalabrini, professor de emergências clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), comentou o caso de Souza a pedido da reportagem.

- Se o estado de inconsciência foi motivado pela baixa quantidade de açúcar no organismo [hipoglicemia], então este caso deveria ser atendido em questão de minutos. Partindo desta hipótese, 1h40 para atender um paciente é muito.

De acordo com o coordenador do Samu, o atendimento de emergência tem apresentado melhoras significativas nos últimos quatro anos. Nesse período, o tempo médio para a chegada do socorro caiu de 35 minutos para 16 minutos.

- O número de ambulâncias aumentou de 63, em 2004, para 177, em 2009. Antes, eram 32 bases e, agora, já temos 65 [média de 2,8 ambulâncias por base].
Kron ainda afirma que, atualmente, a chamada mortalidade imediata, que corresponde às quatro primeiras horas após o atendimento, caiu 40% em relação a 2004. O morador de rua morreu duas horas após chegar ao Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca.

Funcionários do Samu ouvidos pelo 
R7 dizem que a demora na passagem do chamado, da central para as equipes, ocorre porque o número de ambulâncias ainda é insuficiente para atender às ocorrências da cidade. Como relata uma enfermeira, que prefere ser identificada por S., “muitas vezes sobram equipes e faltam veículos para o socorro".

- Na base onde trabalho, só tem uma ambulância funcionando e outras quatro, paradas. O Samu fala que comprou mais ambulâncias, mas boa parte delas está parada por falta de conserto adequado.

O coordenador do Samu argumenta que o número de ambulâncias quase triplicou nos últimos quatro anos.
Já para o motorista M., a demora no conserto das ambulâncias pela oficina contratada pela prefeitura, Agricol, e a peças “de segunda mão que a empresa coloca nos carros” contribui para que os carros fiquem fora das ruas.

A reportagem do
 R7 apurou nesta semana que 35 ambulâncias estavam paradas no pátio da Agricol - muitas delas há pelo um mês -, esperando conserto. O diretor comercial da empresa, Claudio da Silva, diz que são apenas 15 os veículos aguardando reparos e que eles chegaram há poucos dias.

Ainda segundo Silva, as peças colocadas nas ambulâncias são novas, mas ele admite que a má conservação dos veículos contribua para que o trabalho seja mais demorado.

- As ambulâncias do Samu são de 2004 e a secretaria [de Saúde] tem consciência que estão velhas. Nós já dissemos pra prefeitura que elas precisam estar mais novas para que o nosso pessoal tenha mais condições para trabalhar.

No último dia 14 deste mês, a Prefeitura de São Paulo publicou no Diário Oficial da cidade a renovação por ano do contrato com a Agricol, no valor de R$ 6,7 milhões.
Trancado no banheiro
O vídeo do R7 mostra o momento em que a equipe do Samu chega para atender Odair de Souza. Como diagnosticaram os enfermeiros que fizeram o socorro, ele tinha ferimentos no rosto e no peito, sofria de hipotermia e hipoglicemia (quando a temperatura e os níveis de açúcar caem abaixo do normal) e tinha dificuldades para respirar. A equipe presta os primeiros socorros e chega em 12 minutos em hospital na Mooca, às 8h08.

O morador de rua foi acolhido pela primeira vez no albergue no dia 18 de fevereiro e, desde então, foi levado duas vezes para o hospital por causa do diabetes. No dia 27 de fevereiro, momentos depois de se queixar de dores, um funcionário do albergue o encontrou caído no chão. O monitor resolveu dar um banho nele, mas, antes que isso acontecesse, Souza ficou inconsciente. A vítima foi então colocada em cima de um cobertor que estava no chão do banheiro e a porta foi trancada.

Duas horas após ter chegado ao hospital, Souza morreu de broncopneumonia, segundo sua certidão de óbito, e foi enterrado por familiares. A reportagem do 
R7 não conseguiu localizá-los até a publicação desta reportagem.

Ana Cláudia Arantes, médica especializada em cuidados paliativos do hospital Albert Einstein, chama atenção para a forma como o morador foi atendido pelo albergue antes de chegar o socorro.

- O paciente provavelmente já vinha sofrendo de broncopneumonia e, deixá-lo no chão de um banheiro por duas horas, é uma atitude irresponsável. Ele respirava com dificuldades e a falta de oxigênio no organismo pode fazer o cérebro pifar em questão de segundos.

O representante do Arsenal da Esperança, Gianfranco Mellino, afirma que o morador não foi agredido dentro do albergue e que Souza foi trancado no banheiro para evitar tumulto. Mellino não afirmou se o albergue procurou outra forma de socorrer o morador de rua, como ligar para os bombeiros, durante uma hora e 40 minutos que esperou o Samu chegar. A Secretaria Municipal de Assistência Social, que cuida dos albergues, não emitiu parecer sobre o caso.

No dia em que Souza foi socorrido, funcionários do Samu e representantes do albergue foram até o 8º DP, no Brás, para registrar o caso. A polícia abriu um inquérito para investigar as agressões ao morador de rua. Procurada pelo 
R7 nesta semana, a delegada responsável pelo caso, Maria José Figueiredo, desconhecia a morte de Souza.

Privatizações

Privatizações
Memórias do Saqueio: como o patrimônio construído com o trabalho e os impostos do povo paulista foi vendido
 
Copyright Transparência São Paulo - segurança, educação, saúde, trânsito e transporte, servidores © 2010 - All right reserved - Using Blueceria Blogspot Theme
Best viewed with Mozilla, IE, Google Chrome and Opera.