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27/04/2010
O procurador do Estado, Antonio Mafezzoli, acusou ontem o Governo Alberto Goldman (PSDB) de se omitir na investigação sobre a matança de jovens na Baixada Santista. Desde o início da semana passada, 23 pessoas, a maioria delas jovens e sem antecedentes criminais, foram assassinadas em cidades do litoral paulista e outras 12 foram feridas a bala. Segundo o procurador, a mortandade no litoral faz lembrar episódios ocorridos em maio de 2006, quando nove pessoas foram mortas em represália da polícia a ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
“A violência atingiu de novo um grau desproporcional, sem que a polícia tomasse qualquer providência para apurar a autoria dos crimes. O serviço de inteligência da Polícia Civil já deveria estar levantando a identidade dos autores, que não podem ficar impunes”, reclamou Mafezzoli.
De acordo com o procurador, a polícia paulista está agindo como se os assassinatos praticados em diferentes cidades da Baixada Santista não estivessem interrelacionados.
“Boa parte desses crimes foi praticada por ninjas encapuzados, utilizando motos e armamentos de alto calibre, que decidem fazer justiça com as próprias mãos, assassinando jovens inocentes, que nem tinham passagens pela polícia. Há uma grave omissão do Estado, complacente com este tipo de procedimento”.
Mafezzoli acredita que a impunidade dos autores dos assassinatos de jovens em 2006 incentivou o reaparecimento de uma espécie de grupo de extermínio.
“Nem exames de balística foram realizados pelo Instituto de Criminalística. A maneira de agir destes grupos é semelhante agora à de 2006. Sempre que há morte de algum policial, se realiza uma espécie de vingança contra jovens negros e pobres da periferia das cidades da Baixada Santista, como se assim se desse o exemplo, Tudo leva a crer que sejam policiais os autores dos crimes”, analisa o procurador.
O grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo divulgou nota de protesto contra o “crescente número de execuções sumárias ocorridas nos últimos dias na Baixada Santista, nas cidades de Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá”. A nota afirma que “a exemplo dos Crimes de Maio de 2006, quando a Baixada Santista viu a barbárie de perto, nova onda de assassinatos volta a ocorrer neste mês de abril em que mais de 20 pessoas – na quase totalidade jovens – foram mortas com sinais de execução”.
O Tortura Nunca Mais reclama providências imediatas das autoridades, com abertura de inquéritos e identificação dos criminosos, e diz que “desde 2006 vários processos sobre crimes com as mesmas características estão sendo arquivados por ‘falta de provas’ ou ‘resistência seguida de morte’. A entidade exige “o desarquivamento desses casos e a punição dos criminosos de 2006 e de 2010”.