Folha responde pelo Estado de São Paulo
PM ficou conhecido após postar video no Youtube pedindo ajuda por ter tido a casa penhorada pela Procuradoria Geral do Estado para pagamento de viatura destruída em ação policial.
PM ficou conhecido após postar video no Youtube pedindo ajuda por ter tido a casa penhorada pela Procuradoria Geral do Estado para pagamento de viatura destruída em ação policial.
Já de início, o jornal Folha de São Paulo apresenta manchete que induz a interpretação do leitor ao afirmar que PM teria contraído dívida em serviço. Ocorre que em 1999 os Policiais Militares foram recebidos a tiros ao abordar veículo na Rod. Régis Bittercourt. Ao perseguirem na contramão os criminosos, os policiais colidiram a viatura em outro veículo. A PM declara que o soldado Weiers comportou-se de modo irresponsável. "A prisão de um infrator não justifica a exposição de inocentes. No caso específico, pessoas poderiam ter morrido", afirmou a PM segundo o jornal, sem que a jornalista Laura Capriblione tecesse comentário sobre a declaração da PM.
Então respondo eu: Oficiais da PM do Estado de São Paulo; a perseguição efetuada pelo Policial Militar Weiers não era contra infratores, mas contra CRIMINOSOS. Classificar, em nota, com meros "infratores" homens que atiraram contra uma viatura policial e iniciaram fuga pela contramão é absurdo.
E caso os policiais tivessem conseguido deter os criminosos (e não "infratores)? E se estivessem diante de um seqüestro e a vítima tivesse sido encontrada dentro do porta-malas? Seriam promovidos ou homenageados?
Pois afirmo que policial algum seria punido por não alcançar os criminos, mas com certeza são punidos por tentarem e falharem. Com este comportamento, o Estado desestimula todos os policias a nos defenderem; farão o menos possível, para não se envolverem em "confusão", e nós estaremos desprotegidos por não podermos contar com policiais motivados e amparados pelo Estado.
(peço aos PM que postem nos comentários trecho do POP/PM - Procedimento Operacional Padrão - em que os policiais são proibidos de efetuar disparos de arma de fogo contra veículo em movimento, mesmo após o veículo perseguido efetuar disparos contra a viatura e os policiais)
PM pede ajuda no YouTube para quitar dívida contraída em serviço
LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO
Desesperado com a possibilidade de perder a casa que construiu (e onde vive com a mulher e os dois filhos), para pagar uma dívida de R$ 50 mil com o tesouro de São Paulo, o soldado PM Rogério Weiers, 34, gravou há cinco dias um pedido de socorro e o postou no YouTube.
Virou celebridade. Até ontem à noite, o vídeo já fora exibido 10.966 vezes. "Querem tomar a única coisa que tenho nesta vida", diz o PM, salário de R$ 2.300, voz embargada, no YouTube. Entidades de policiais replicaram o caso na rede; centenas de soldados ofereceram ajuda.
A história começou 1999, quase meia-noite, quando Weiers e outro soldado patrulhavam a rodovia Régis Bittencourt. Ao abordar um veículo suspeito, foram recebidos a tiros, contam os policiais. Na perseguição, o carro da polícia, conduzido na contramão por Weiers, bateu em outro. Perda total. Os bandidos fugiram.
Weiers e o colega tiveram ferimentos leves. No outro carro, a mulher fraturou as pernas; o marido, várias costelas. Sindicância interna consignou que Weiers comportou-se de modo irresponsável. "A prisão de um infrator não justifica a exposição de inocentes. No caso específico, pessoas poderiam ter morrido", afirmou a PM.
"Seria muito fácil eu arrumar uma testemunha falsa, que confirmasse a minha história, mas eu não quis mentir. Fazer o errado é muito fácil. Difícil é ser correto", disse Weiers àFolha.
Para "erros" como esse, a corporação oferece a chance de acordo. O soldado tem o salário descontado até pagar o prejuízo material. Na época, R$ 9.716 foi o valor fixado.
Weiers não fez acordo. A dívida cresceu até atingir os R$ 50 mil atuais. Para garantir o pagamento, a Procuradoria-Geral do Estado pediu, em 2004, a penhora do único bem de Weiers, um terreno de 2.000 metros quadrados em Embu (Grande São Paulo). Só que, neste período, o soldado construiu a casa onde hoje mora com a família.
Em grande parte ainda sem reboco, localizado em uma rua de terra, no meio de um matagal, hoje o imóvel valeria R$ 130 mil.
Weiers afirma que quer pagar o que deve. "Se eu errei, devo pagar. Mas não com a casa de minha família", diz.
Com a divulgação do vídeo, a Procuradoria-Geral do Estado emitiu ontem à noite uma nota oficial em que se dispõe a parcelar o valor devido em até 60 meses.