(do Transparência SP)
Não podia ser diferente. As fraudes na prefeitura de Rio Preto e as perigosas conexões estaduais do esquema já provocaram as primeiras reações.
Enquanto o lobista reafirmou, nesta quarta-feira, 18/07, as denúncias de fraudes contra o prefeito de Rio Preto (SP) ao jornal Diário da Região e nada é apurado, a Justiça Eleitoral multa movimentos sociais por reproduzirem em panfleto parte da reportagem da 1ª denúncia feita em junho passado
Nesta quarta-feira, o Diário da Região trouxe nova entrevista com o lobista Alcides Fernandes Barbosa e reacendeu as denúncias de corrupção contra o prefeito Valdomiro Lopes, de Rio Preto.
Barbosa foi sócio do ex-procurador-geral de Rio Preto, Luís Antônio Tavolaro, braço direito do prefeito Valdomiro Lopes (PSB). Tavolaro, em razão de seu suposto envolvimento com quadrilha desbaratada no Rio Grande do Norte pela Operação Sinal Fechado, que pretendia fraudar licitação para inspeção veicular, pediu demissão do cargo em 28 de novembro passado. Já Barbosa, também indiciado na mesma operação, acabou preso por cinco meses. Beneficiado com a delação premiada, Barbosa retornou a Rio Preto em junho, para receber R$ 2,7 milhões por serviços prestados pela empresa dele, a ATL Premium, na obra do conjunto habitacional Nova Esperança.
Sem interlocução com a administração, Barbosa fez acusações em entrevista ao jornal Diário da Região, afirmando que o prefeito Valdomiro e Tavolaro dividiam recursos desviados de várias obras e serviços na cidade. “Em Rio Preto era tudo uma fraude”, disse ao jornal. Das propinas recebidas pelo prefeito, Tavolaro ficava com 35%, afirmou na ocasião. Por dedução, o prefeito Valdomiro ficava com os 65% restantes das propinas.
Com o título, “Em Rio Preto era tudo uma fraude” um panfleto, assinado por sindicato, movimentos sociais e associação de moradores, reproduziu as matérias do jornal sobre o caso. O material foi distribuído, ainda em junho, em toda a cidade. Nesta terça-feira, dia 17/07, o juiz eleitoral Antonio Carlos Táfari considerou o material propaganda negativa antecipada e condenou os sete organismos sociais a pagarem cada uma R$ 5 mil (clique aqui para ler matéria publicada pelo Diário da Região).
“A decisão é um verdadeiro atentado ao Estado Democrático de Direito e, estranhamente, trouxe um assunto de caráter ético-administrativo para campo da política eleitoral, com nítido favorecimento ao candidato acusado publicamente de fraudar licitações.”, protestaram as entidades condenadas pelo juiz Táfari.
Enquanto isso, um dia após a controversa decisão da Justiça Eleitoral, as novas declarações de Barbosa aguardam as providências da Justiça.
CRONOLOGIA DAS ENTREVISTAS
1ª entrevista:
Diário da Região – 03/06/2012
Lobista: ‘Em Rio Preto era tudo uma fraude’
2ª entrevista
Diário da Região – 05/06/2012
Lobista diz que viajou em jatinho com prefeito
3ª entrevista
Diário da Região – publicada nesta quarta-feira, 18/07/212
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, COM MODUS OPERANDI SEMELHANTE À DO CARLINHOS CACHOEIRA, AGE EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (SP)
Diário da Região - 18/07/2012
Lobista preso por fraude diz ter relação íntima com secretários de Valdomiro
Se sentindo abandonado no meio do caminho por antigos companheiros, o empresário Alcides Fernandes Barbosa, preso por cinco meses acusado pelo Ministério Público de envolvimento em quadrilha que fraudou licitação para inspeção veicular no Rio Grande do Norte, resolveu falar. E os alvos de seu ressentimento são, entre outros, o prefeito de Rio Preto, Valdomiro Lopes, o ex-procurador-geral do município Luiz Antonio Tavolaro e empreiteiras que possuem contratos milionários na cidade.
Diário - Qual sua relação com Tavolaro e como chegou a Rio Preto?
Alcides Fernandes Barbosa - Eu e o Clóvis Chaves [assessor do senador AloysioNunes (PSDB-SP)], que foi me apresentado pelo Manoel (Jesus Gonçalves), da Caixa, íamos muito à superintendência de São Mateus para prospectar áreas para construção de conjunto habitacional. Surgiu uma dúvida sobre a desapropriação de terreno que pertencia à Dersa. Como deveria ser a desapropriação. Fui com o Clóvis até à Dersa e o Paulo Souza, o Paulo Preto, falou que tinha o cara que ia resolver isso. Não era mais diretor mas continuava fazendo as coisas na Dersa. Era o Tavolaro. Peguei o telefone dele e fui ao encontro do dr. Tavolaro por indicação do Paulo Preto. Encontrei ele na campanha para o quinto constitucional e me perguntou quem mandou procurar ele. Falei que era o Clóvis, amigo do Aloysio (Nunes, senador), e ele me disse que precisava conhecer o Clóvis. Apresentei eles. Discorreu o currículo para o Clóvis, dizendo que tinha feito o edital do Rodoanel, o relacionamento dele com o Paulo Souza, que continuava atuando na Dersa apesar de não ter mais o cargo... O Clóvis até me disse: “Alcides, você trouxe o gênio das licitações em São Paulo.” E assim nós ficamos. Tínhamos uma amizade íntima. Já naquele dia ele perguntou o que eu estava fazendo e disse que estava abrindo uma empresa do ramo habitacional.