Empresa diz que ação é uma medida de segurança para controlar o fluxo
Julia Carolina, do R7
A superlotação de passageiros na estação Paulista da linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo tem feito os funcionários desligarem parte das escadas e esteiras rolantes do local nos horários de pico. Usuários da estação, que faz integração com a linha 2-Verde do sistema, reclamam do tumulto constante no local por causa da medida. Em média, cerca de 140 mil usuários circulam no local diariamente.
A reportagem do R7 esteve na estação no final da tarde do último dia 24 e constatou o problema. Passageiros chegaram a classificar a situação na estação no fim do dia como “caos”. Foi o caso do analista de comunicação Rafael Ernandi, de 27 anos. Ele afirma que a estação inaugurada em 2010 até facilitou o acesso à avenida Paulista, mas em horários de grande movimento o local fica insuportável.
- A estação tem um único corredor [que liga a linha Amarela à Verde] de entrada e saída de passageiros e, no horário de pico, fica impossível caminhar. É preciso até mesmo desativar as escadas rolantes.
Usuária de estação, a bancária Dirce Alexandre Nunes, 52 anos, confirma que é normal encontrar algumas esteiras e escadas rolantes desligadas nos períodos de movimento mais intenso.
- Todos os dias desligam. Falaram que é por causa do grande fluxo e a gente entende que eles estão em fase de adaptação. Mas é ruim. Eu fico 15 minutos andando aqui dentro.
Ernandi também reclama do tempo que gasta andando entre as estações.
- O passageiro, muitas vezes, chega a ficar parado e perde pelo menos 15 minutos para chegar à plataforma, tempo superior ao percurso entre as estações Paulista e Pinheiros, onde é realizada a integração com a CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos].
Ação de segurança
A assessoria do Metrô afirmou que o tumulto na estação Paulista ocorre pelo grande número de pessoas que utilizam a “via” no mesmo horário. A empresa ressalta que neste mês de agosto o Metrô bateu o recorde histórico de 4 milhões de passageiros transportados diariamente.
Nesse contexto, segundo o Metrô, desligar escada e esteira é uma medida de segurança, uma forma de bloqueio para conter o fluxo de passageiros. De acordo com a empresa, caso não haja o desligamento, core-se o risco de a multidão se projetar na plataforma, criando um risco enorme de acidentes.
Porém, não é assim que muitos usuários têm enxergado o desligamento das escadas. As colegas de trabalho Suzana Batista David, de 26 anos, e Lorena Moura, de 23, ambas auxiliares de seguros, dizem que todos os dias se deparam com a multidão na estação e com escadas desligadas. Suzana diz acreditar que a interrupção no funcionamento da escada acaba piorando a situação na Paulista.
- Acho que atrapalha o movimento na estação, porque vai acumulando o número de pessoas e o risco de tropeçar acaba sendo maior.
O Metrô informa que a previsão é que o fluxo de passageiros na Paulista diminua a partir de setembro, quando a linha 4 irá inaugurar as estações/conexões República, integrada com a linha 3-Vermelha, e Luz, ligada à linha 1-Azul, ambas na região central de São Paulo. Segundo a empresa, atualmente, grande parte dos passageiros que fazem a transferência da linhas 4-Amarela para a 2-Verde usando as estações Paulista e Consolação segue em direção à estação Paraíso pois tem com destino final o centro da capital paulista.
Aumento
A estação Consolação, da linha 2-Verde, teve crescimento de 68% no número de passageiros só nos últimos quatros meses. Em maio, cerca de 84 mil pessoas usaram a estação por dia. No dia 3 de agosto, circularam por lá 142 mil usuários.
O período coincide com ampliações no funcionamento da linha 4-Amarela, cuja estação Paulista faz conexão com a linha 2 na Consolação. Entre as principais mudanças na linha 4 estão a abertura da estação Pinheiros e a extensão do horário de abertura, até as 21h.