(do Transparência SP)
Nesta última eleição para o governo do Estado de SP, o candidato governista do PSDB fugiu como pôde de alguns temas polêmicos propostos pelos candidatos oposicionistas.
O abuso dos pedágios, o fracasso do sistema de progressão continuada no ensino fundamental e a questão da retomada do transporte ferroviário no Estado foram alguns dos temas abordados pela oposição e que o candidato governista tentou evitar a todo custo.
A julgar pelo resultado das eleições, a maioria da população paulista não entendeu serem estes temas realmente relevantes, uma vez que não são recentes e o mesmo bloco político governa o Estado a 16 anos.
O interessante é que passadas as eleições, o governo Alckmin começa a anunciar projetos que parecem uma verdadeira "confissão de culpa", mas não passam de encenação política.
Num dia, o Secretário de Transporte Metropolitano diz que o Trem de Alta Velocidade (do governo federal) é fundamental, e deve ser interligado a novas linhas de trens rápidos por todo o interior. Outro dia, o governo anuncia que fará a revisão de todos os contratos de concessão das rodovias, mas não sabe se as tarifas cairão ou subirão ainda mais.
Finalmente, os jornais noticiam que o governo estadual planeja modificar o sistema de progressão continuada no ensino fundamental. Perfumarias à vista.
Alguma coisa está muito errada no processo político eleitoral em São Paulo.
Em "democracias maduras", o programa de governo do partido vitorioso nas eleições é implantado, enquanto os partidos derrotados vão para a oposição fiscalizar. Aqui, o partido vitorioso foge do debate eleitoral e finge implantar o programa de governo dos derrotados.
Esta é a democracia paulista, com a grande imprensa interditando o debate no Estado antes das eleições para depois fingir que os problemas serão resolvidos pelos mesmos que não o fizeram nos últimos 16 anos.
Segue abaixo matérias nos jornais dando conta destes acontecimentos:
(da Folha de SP)
Governo estadual vai rever pedágios até o fim do ano
Todos os 18 contratos com concessionárias serão analisados, mas governador diz que não sabe se tarifas vão diminuir ou aumentar
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou ontem que a análise dos contratos das concessionárias das rodovias terá início "imediato" e o resultado - com uma posterior revisão nos valores - sairá com certeza no primeiro ano de sua gestão. O tema foi um dos mais polêmicos na eleição para o governo estadual e o então candidato tucano garantiu que iria promover uma "correção".
"É imediato esse trabalho de analisar contrato por contrato, respeitando o contrato, mas verificando o equilíbrio econômico e financeiro", disse o governador, na manhã de ontem, após reunião com os secretários no Palácio dos Bandeirantes.
Alckmin disse que não iria antecipar as medidas que pretende adotar. A atual gestão vai esperar o resultado das análises, pois, segundo o governador, há a possibilidade de que o equilíbrio do contrato não aponte necessariamente para a redução dos valores. "Nós não vamos antecipar nada, até porque o equilíbrio financeiro pode ser a favor do governo ou da concessionária. Tudo isso vai ser analisado." Alckmin só foi taxativo quando perguntado se a revisão seria no primeiro ano da gestão: "Claro."
Durante a campanha, o então candidato havia informado que promoveria a redução em alguns casos específicos para corrigir algumas distorções. Ele citou o caso de cidades da região de Campinas, como Paulínia e Jaguariúna, onde motoristas transitam por um trecho muito pequeno e pagam tarifa inteira. "Vamos fazer uma redução ou uma modificação do local", disse em entrevista ao Estado no dia 3 de outubro.
O candidato declarou que os contratos seriam analisados para verificar a hipótese de equilíbrio favorável ao Estado. "Se tiver espaço, em vez de exigir obras, podemos reduzir tarifa."
(da Folha de SP)
Alckmin vai mudar a progressão continuada na rede de ensino a partir de 2012.
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu alterar a progressão continuada na rede estadual de ensino. A principal mudança deverá ocorrer no sistema de reprovação dos estudantes.
Hoje, o aluno do fundamental só pode repetir ao final do quinto e do nono ano. A ideia é que a retenção ocorra também no terceiro ano. Assim, o número de ciclos sobe de dois para três. A antecipação da reprovação permite que o aluno com sérias dificuldades seja recuperado mais rapidamente (em vez de demorar cinco anos para refazer uma série, passe a ser depois de três).
A Folha apurou que já está finalizado estudo com o novo desenho do programa. "Pessoalmente, acho que vamos ficar mesmo com três ciclos", afirmou o novo secretário-adjunto da Educação, João Cardoso Palma Filho, ao ser indagado pela reportagem. Ele ressaltou, porém, que o assunto ainda está em análise na secretaria.
A Folha apurou que já está finalizado estudo com o novo desenho do programa. "Pessoalmente, acho que vamos ficar mesmo com três ciclos", afirmou o novo secretário-adjunto da Educação, João Cardoso Palma Filho, ao ser indagado pela reportagem. Ele ressaltou, porém, que o assunto ainda está em análise na secretaria.
(do Agora SP)
Trens regionais.
(O Secretário Jurandir) Fernandes já declarou "apoio incondicional" ao trem-bala, bandeira dos petistas Lula e Dilma.
Mais que isso: planeja fazer dos trens regionais com velocidade de 180 km/h, complementares e em sintonia com a proposta do TAV (Trem de Alta Velocidade) do governo federal, a principal "marca" dos transportes do atual mandato.
"O que sonho como marca do Geraldo? A volta dos trens regionais", revelou o novo secretário à reportagem, sobre projetos já em andamento para retomar trechos ferroviários ligando capital-litoral e capital-interior em menos de uma hora.
Os quatro trens de passageiros considerados essenciais por ele ligam São José dos Campos-SP, Campinas-SP, Sorocaba-SP e Santos-SP.