Camila Campanerut
Do UOL Eleições
Em Brasília
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou que a legenda deve entrar com ação na Polícia Federal para que seja investigada a suposta “central de espionagem” tucana, que seria liderada pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). O partido quer apurar a possibilidade de o deputado ter comandado a quebra de sigilo fiscal na Receita Federal de pessoas ligadas ao presidenciável José Serra (PSDB).
“No nosso entendimento, ainda há um episódio a ser esclarecido [sobre o caso de vazamento de dados]: a motivação. A motivação, segundo o relato feito hoje pela PF, seria a existência de uma central de espionagem para investigar o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves. E, a partir daí, segundo depoimento do jornalista [Amaury Ribeiro Jr.], ele começou a investigar pessoas ligadas ao então governador de São Paulo, José Serra”, disse Dutra em entrevista coletiva realizada na sede do PT Nacional, nesta quarta-feira (20), em Brasília.
Dutra ainda pedirá à PF que permita ao partido, acessar os autos do inquérito, cujos trechos já vêm sendo vazados para a imprensa.
“A nossa satisfação é comprovar o que dizíamos desde o início. Em momento algum, houve qualquer ligação, qualquer solicitação, qualquer pedido, qualquer encomenda do PT ou da campanha de Dilma Rousseff relativa à quebra de sigilo ou à montagem de dossiê”, reiterou o líder petista.
Na época da quebra de sigilo, os tucanos José Serra e Aécio Neves disputavam, internamente no PSDB, quem seria o candidato da legenda ao Palácio do Planalto. E Itagiba atuaria em favor de Serra.
Informação da PF
Mais cedo, o diretor da Polícia Federal Luiz Fernando Correa chamou a imprensa para informar alguns resultados do inquérito sobre quebra de sigilo fiscal de tucanos, ocorrida entre setembro e outubro de 2009, com o envolvimento de servidores da Receita Federal, despachantes e clientes que encomendavam os dados.
Em 120 dias de investigação, o caso está em sua fase final. Sete pessoas foram indiciadas e 37 pessoas prestaram depoimentos. Com a conclusão das diligências, o inquérito será encaminhado à 12ª Vara Federal do Distrito Federal.
Segundo a PF, as provas colhidas apontam que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. utilizou os serviços de levantamento de informações de empresas e pessoas físicas desde o final de 2008 no interesse de investigações próprias.
“Os dados violados foram utilizados para a confecção de relatórios, mas não foi comprovada sua utilização em campanha política”, afirmou a polícia em nota.