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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Texto com palavrões é distribuído nas escolas estaduais de SP.

/ On : quinta-feira, agosto 12, 2010 - Contribua com o Transparência São Paulo; envie seu artigo ou sugestão para o email: transparenciasaopaulo@gmail.com
(do Estado de São Paulo) Alguns professores da rede estadual de São Paulo e parte dos pais de alunos questionam a distribuição de um livro de contos com um texto erótico a estudantes do ensino médio. O texto contém palavrões e expressões obscenas.
O conto Obscenidades para uma Dona de Casa, de autoria do escritor Ignácio de Loyola Brandão - colunista do Estado -, faz parte do livro Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século, lançado em 2000. Nele, uma dona de casa solitária detalha cartas obscenas que recebe de um amante. No contexto da narração, o autor escreve palavrões e termos chulos.
Uma professora de língua portuguesa que trabalha no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, disse que não conseguiu mais trabalhar depois que o livro chegou às mãos dos alunos. A professora afirma não se sentir capaz de abordar a sexualidade presente no conto com os estudantes.
Em outro colégio estadual, um pai já teria protestado ao saber do livro. Em Guarulhos, um funcionário público ameaçou levar a questão ao Ministério Público. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, a obra, que faz parte do programa governamental Apoio ao Saber, foi distribuída somente para alunos do último ano do ensino médio - estudantes entre 16 e 17 anos - e é adequada para esta faixa etária.
Além da seleção de contos, foram dados aos alunos mais dois livros: Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen, e o poema O Canto Geral, de Pablo Neruda.
"As escolhas não podem ser feitas por catálogo ou por títulos, é preciso uma leitura integral da obra", afirma Marisa Lajolo, doutora em Letras e professora do Mackenzie.
No ano passado, a rede estadual já foi questionada pela escolha de livros e, depois de uma sindicância interna, excluiu cinco obras das salas de aula.
"O que me preocupa nessas reações é que você começa a ter um espírito censor que não é o mais importante e que, no limite, inviabiliza o uso de textos contemporâneos", afirma.

Privatizações

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