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domingo, 2 de maio de 2010

Um problema social que picareta não derruba

/ On : domingo, maio 02, 2010 - Contribua com o Transparência São Paulo; envie seu artigo ou sugestão para o email: transparenciasaopaulo@gmail.com
Um problema social que picareta não derruba
maio 1st, 2010 às 11:09
extraído de: blog Tijolaço




Um dia, um companheiro, 20 anos mais velho que eu, mostrou-me um “jornalzinho” amarelado pelo tempo. Foi um impresso promocional do musical “Gota D’Água”, do Chico Buarque e Paulo Pontes, onde a atriz Bibi Ferreira era a protagonista. A peça se passava em um cortiço e, no material de promoção, o redator do folheto fazia alusão à então recente demolição de casas na zona do meretrício no centro do Rio, para as obras de construção do Metrô. A “manchete” chamou-me a atenção e ficou na memória: “Prostituição é um mal social que picareta não derruba“.
Lembrei-me disso, agora cedo, ao pegar a Folha de S. Paulo e ler a manchete sobre o salto no número de homicídios na capital paulista – e também no interior. É impressionante como a realidade – outro dia falei aqui que alguns a viam como “a maldita realidade” – se impõe sobre as tentativas de manipulação que se intentam sobre ela.
Não faz uma semana falei aqui sobre a tentativa de manipular eleitoralmente a questão da violência e da criminalidade. Disse que Serra havia entrado de cabeça no tratamento eleitoreiro desta questão, ao se apresentar como “o grande engaiolador” de bandidos e a esta atitude e atribuir a esta atitude o condão de reduzir o crime. Se quer fazer assim, se quer atribuir a si o mérito de quedas na criminalidade, expõe-se a, também, receber a culpa pelo aumentodela, não é? E olhem que não foi um pequeno aumento, mas 23%!
A língua, diziam os antigos, é o chicote da… deixa pra lá.
O mais curioso é que procuram invalidar a ligação entre as condições sociais e a violência. Quando falamos nisso, vêm com uns argumentos primários do tipo “nem todo pobre é bandido”. Claro que não, é evidente, como nem todo o bandido é pobre. Os maiores – do crime “convencional”, do crime do “colarinho branco” e os maiores, do “crime de lesa-pátria” – são até bem ricos.
A mentalidade exclusivamente repressiva tem levado, segundo o seu próprio governo, Sr. Serra, ao encarceramento desnecessário de jovens, notícia da mesma Folha de hoje. São 1.787 rapazes e moças “engaiolados” e que têm ótimas chances de sair da ex-Febem como criminosos formados.
A mãe do crime não é a pobreza, por si só. É a degradação da vida e dos valores humanos. E essa é uma obra múltipla. Ela se faz com a massa da pobreza, bem amassada por um sistema educacional miúdo e perverso, socada pelo apelo ao consumo, pelos recalques da exclusão, pelos traumas de uma repressão seletiva, onde existe lei para agir contra um apartamento de rico e se quer a bota arrebentando a porta do pobre.
Onde alguém que teve tudo, inclusive uma família humilde e trabalhadora para dar-lhe valores, vem falar em “engaiolar” aos magotes, em lugar de apostar na cidadania, na educação de qualidade, na elevação dos valores da vida, da liberdade, do progresso social. Dos valores que ele recebeu da família e da escola.
Um presidente – ou uma presidenta – da República tem o papel de educador. Claro que as pessoas que cometem crimes devem ser presas, julgadas e condenadas. Mas a ação essencial de um Governo é evitar que elas cometam crimes, é evitar que se marginalizem, é ajudar a desfazer a fórmula perversa da desigualdade e da exclusão que massacra os pobres e apavora a vida de todos e também “engaiola” milhões atrás de cercas, grades, fios eletrificados…
Para quem vem da esquerda, da generosidade, fica a merecer o anátema, a marca de Caim de “Gota D´Água”, inspirada na grega Medéia, quando a personagem Joana reclama da traição de Jasão o, seu ex-companheiro, que a trocou pela filha de Creonte, o poderoso dono do cortiço:
vai escutar as contas que eu vou lhe fazer: [...]
Te dei cada sinal do teu temperamento
Te dei matéria-prima para o teu tutano
E mesmo essa ambição que, neste momento,
se volta contra mim, eu te dei, por engano
Fui eu, Jasão, você não se encontrou na rua
Você andava tonto quando eu te encontrei
Fabriquei energia que não era tua
pra iluminar uma estrada que eu te apontei
E foi assim, enfim, que eu vi nascer do nada
uma alma ansiosa, faminta, buliçosa,
uma alma de homem.(…)
Certo, o que eu não tenho, Creonte tem de sobra
Prestígio, posição… Teu samba vai tocar
em tudo quanto é programa.
Responde ao que eu tou Em troca pela gentileza
vais engolir a filha, aquela mosca-morta,
como engoliu meus dez anos. Esse é o teu preço,
dez anos. Até que apareça uma outra porta
que te leve direto pro inferno. Conheço
a vida, rapaz. Só de ambição, sem amor,
tua alma vai ficar torta, desgrenhada,
aleijada, pestilenta…
Aproveitador! Aproveitador!…

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