O marketing de Serra é a desinformação
maio 25th, 2010 às 1:04
A gente nem sempre consegue analisar tudo e, quando os editores deixam, há muita vida inteligente na imprensa brasileira.
Vejam que interessante essa matéria publicada à noite noEstadão:
Quase um quarto dos eleitores de José Serra (PSDB) manifestou um comportamento dúbio e paradoxal na última pesquisa Datafolha: eles também afirmaram que votarão “com certeza” no candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesse contingente há brasileiros que dizem ignorar a opção eleitoral de Lula, mas também os que estão convictos de que o presidente apoia Serra. Quase um décimo dos eleitores do tucano pensa assim.
Menos da metade dos serristas afirma que não votaria em um candidato apoiado por Lula. Outros 26% dizem que talvez o façam, e 23% anunciam que seguirão “com certeza” a opção de voto do presidente.
Os eleitores com “duas caras” são cerca de 11,5 milhões. Até a eleição, eles terão de se posicionar de maneira coerente: ou abandonarão o barco lulista ou votarão na pessoa efetivamente apoiada pelo presidente, conforme sua intenção declarada.
Portanto, fica claro que a estratégia do serrismo, além de se fingir “lulista” é a de não deixar que a população saiba que Dilma é a candidata de Lula. Por isso a ofensiva judicial contra o presidente. Não é preocupação legalista, é o marketing da desinformação.
Não preciso dizer aqui o que é tentar usar a falta de informação e esclarecimento do povo mais humilde para tentar tirar proveito eleitoral.
Nem preciso dizer que nenhum tucano é burro o suficiente para, com a campanha eleitoral pra valer, achar que a imagem de Lula, com a mão no ombro de Dilma, dizendo: “é ela, não é ele” vá manter este eleitorado com Serra.
A aposta é a confusão, as sanções judiciais, a provocação.
É por isso que alguns acham que a gente deve, pacientemente, seguir apanhando quieto. Outros, como eu, acham que isso é nos deixar expostos ao impensável.
Existe algo muito interessante no Direito. Chama-se “pré-questionamento”. Para você contestar uma decisão sobre lei federal ou princípio constitucional nas instâncias supremas, é preciso ter dito isso antes.
Se não fizer antes, não poderá fazê-lo depois.
Na política, quando você aceita passivamente algo e, depois, quer contestá-lo, acontece algo semelhante.
A população, tal como o juízes, dirá: agora? Mas como, se antes você não tinha nem sequer falado nisso?
do blog Tijolaço.com