extraído de Flit Paralisante
Alckmin evita falar sobre crimes de Maio de 2006
RENATO SANTANA
DA REDAÇÃO
Em 2006, Geraldo Alckmin (PSDB) concorria à presidência da República. Havia saído do Palácio dos Bandeirantes semanas antes de seu substituto, Cláudio Lembo, enfrentar uma das maiores crises da história paulista: os ataques de maio da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Quatro anos depois, Alckmin é pré-candidato ao Governo de São Paulo e a herança que deixou ao sair da função o aguarda. Nenhum dos Crimes de Maio foi julgado e os assassinos estão impunes. Alckmin, na época, procurou fugir do assunto. Da mesma forma que fez ao visitar a Cidade, na quarta-feira, para uma palestra na Universidade Metropolitana (Unimes). O pré-candidato alegou não ter informações detalhadas, apenas que nenhum policial foi indiciado e que no período não se cogitava a existência de grupos de extermínio. “Vou dar um conselho: procure a Secretaria de Segurança”, disse Alckmin repetidas vezes. As 564 mortes, sendo 505 só de civis, trouxeram à tona o até então silencioso problema da segurança pública no Estado e repercutiram de maneira negativa na campanha presidencial tucana. Os indícios apontam para execuções cometidas por grupos de extermínio (supostamente compostos por policiais), em represália aos atentados do PCC. Alckmin limitou-se a justificar as mortes como confronto entre bandidos e policiais nos Crimes de Maio, do número total de mortos, menos de 20 morreram em conflito. “Não houve nenhum caso de indiciamento de policial. Isso é a justiça, o Ministério Público. Você está duvidando do Ministério Público?”, atacou. Na série de matérias sobre os Crimes de Maio, publicada por A Tribuna entre os dias 25 e 30 do mês passado, está exposto um processo escrito pelo promotor de Justiça Octávio Borba, sobre duas mortes ocorridas em 17 de maio de 2006, onde ele assume que os assassinatos foram cometidos por grupos de extermínio ou para-policiais. Em outra declaração do Ministério Público, o promotor Alexandre Pereira, da Zona Norte de São Paulo, disse que em seu íntimo sabe que os grupos de extermínio são compostos por policiais. Mesmo assim, manteve o discurso: “Ouça a Secretaria de Segurança Pública. Não li as matérias”.
POLÍCIA EFICIENTE
Alckmin disse que em São Paulo sempre existiu a ação de grupos de extermínio. Sobre as suspeitas da participação de policiais neles, o tucano listou algumas ações de seu governo. “Criamos duas leis: a Via Rápida, para a PM, e a Lei Orgânicada Polícia Civil. Qual o objetivo das duas: punição exemplar. Pode ser violência ou corrupção. Cometeu arbitrariedade ou algum tipo de abuso é punido”, afirmou. Segundo ele, em apenas um anochegou a exonerar 700 policiais: “Os processos (envolvendo policiais) eram muito demorados. Com a Via Rápida, o período passou a ser mais curto”. A respeito das 23 mortes ocorridas na região entre os dias 18 e 26 do mês passado, comcaracterísticas semelhantes aos Crimes de Maio de 2006, Alckmin voltou a evocar situações de conflito: “Mau policial precisa ser punido. O que acontece são situações de confrontos”. São Paulo, relatou o précandidato ao governo, tinha 50 mil presos e hoje tem 168 mil. A população carcerária subiu de 22% para 43%. “A polícia paulista é eficiente. Agora, abuso policial é intolerável. Para isso, existe a Corregedoria”. Sobre a manifestação do Ministério da Justiça em ajudar o Governo de São Paulo a elucidar os assassinatos, Alckmin não respondeu e encerrou a entrevista.
“A polícia paulista é
eficiente. Agora,
abuso policial é
intolerável. Para
isso, existe a
Corregedoria”
Geraldo Alckmin, pré-candidato ao Governo de S. Paulo