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sábado, 8 de outubro de 2011

Alckmin tenta legalizar a grilagem

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no início desse mês, oficializou o desejo de vender terras, reivindicadas pelo próprio Estado como sua, para fazendeiros. Para iniciar a privatização das terras, ele pediu que os deputados se esforçassem para aprovar dois projetos de leis (PLs) que viabilizem a sua intenção.

Um deles é o projeto de lei 578, proposto pelo ex-governador José Serra, em 2007, que prevê regularização de propriedades acima de 500 hectares. O outro projeto foi aprovado em 2003, lei estadual 11.600, mas sofre alterações no momento. Esta lei torna legal a posse de terras devolutas até 500 hectares na região.

A iniciativa do Alckmin parece uma pequena mostra do projeto de privatização de terras do PSDB, iniciado em 1995 com o Plano de Ação para o Pontal do Paranapanema, que se perpetua até hoje, segundo informações de Carlos Alberto Feliciano, professor de geografia da Unesp.

Na época da elaboração do Plano de Ação para o Pontal, a equipe do então governador Mário Covas criou um projeto que previa ação estatal em três momentos distintos: a primeira fase tratava da arrecadação de áreas devolutas e de assentamento; a segunda, estabelecia acordos nas áreas ainda não discriminadas; e a terceira fase, criava a edição de uma Lei de Terras, informou Feliciano. No entanto, o projeto não vingou.

Portanto, Feliciano acredita que esse projeto já estava pensado naquela época, mas, não ganhou força em função do fortalecimento do movimento camponês na região. “Nesse momento atual, o que era para ser uma discussão e atualização de uma proposta de Lei de Terras estadual, metamorfoseou-se em um projeto de regularizar todas as áreas do Pontal do Paranapanema”, disse.

Para o deputado estadual Simão Pedro (PT), Alckmin insiste em aprovar um novo projeto porque a Lei 11600/03 perdeu o seu objetivo original, depois que ele e o então deputado Renato Simões criaram uma emenda que autorizava regularização de posse apenas das áreas não aproveitáveis para a criação de assentamentos no Pontal. Por isso, “Alckmin quer aprovar um projeto retirando o item que nós tínhamos conseguido aprovar”, contou Simão.

“Ao invés de jogar peso com a estrutura do estado para acelerar os processos de arrecadação das terras públicas griladas (80% das terras do Pontal do Paranapanema são consideradas devolutas), o governador faz o jogo dos grileiros e busca, de todas as formas, legalizar a grilagem”, falou Simão Pedro.

As medidas que Alckmin almeja aprovar não são apenas uma questão de venda de terras públicas. Vão muito além disso. Trata-se de violar patrimônios pertencentes ao Estado, sobretudo, à população, informou Sônia Moraes, vice-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra). “É um desrespeito ao Estatuto da Terra, que determina que as terras públicas sejam destinadas à Reforma Agrária. Inclusive, essa determinação também está na Constituição Nacional”, declarou.

A vice-presidente da Abra também teme que o governador privatize os assentamentos. Segundo ela, “junto a tudo isso se vê a intenção do governo em privatizar os próprios assentamentos, contrariando frontalmente a legislação agrária brasileira”. Isso pode acontecer, explicou Sônia, se o governo permitir o arrendamento de áreas de assentamentos para a produção de cana-de-açúcar.

Para Simão Pedro, esses projetos impedem a continuidade da reforma agrária na região do Pontal do Paranapanema. “As terras do Pontal, como são públicas, têm que ser destinadas à implantação de novos assentamentos, atendendo a uma demanda grande de Sem Terras ainda existentes na região e desenvolvendo a verdadeira vocação do Pontal que é se constituir numa região reformada e produtora de alimentos”.

Ainda na opinião do deputado, o desenvolvimento do Pontal não é a monocultura da cana-de-açúcar, porém, “a verdadeira intenção do projeto do Alckmin é criar as condições para isso”, concluiu.

Perigo

Segundo Carlos Feliciano, se o PL nº 578 for aprovado, o estado, governado pelo PSDB desde 1995, efetiva as três fases de seu plano de ação, regularizando inúmeras práticas ilegais de grilagem de terras. Consequentemente, “a retomada de terras públicas, que já foram reconhecidas como tal, em grande parte pelo poder judiciário nas ações discriminatórias, desde a década de 1950, vão se tornar, com essa aprovação, em propriedade privadas”, alertou.

Em outras palavras, o Poder Executivo paulista adere um posicionamento político de reconhecer o processo histórico de grilagem no Pontal do Paranapanema, e pior, “tornando-o legítimo”, conforme disse o professor da Unesp.

Carlos Feliciano acha que na década de 90, com a ação dos movimentos sociais, jamais essa proposta seria apresentada, pois a força dos camponeses impediria. Apesar disso, hoje, a correlação de força com a entrada do capital, travestido de agronegócio, é outra. “Para o capital torna-se importante a regularização, por isso o discurso do desenvolvimento (empresas) versus atraso (conflitos, assentamentos) é forte no argumento apresentado pelo governo Alckmin”, expressou Feliciano.

De acordo com o deputado Simão Pedro (PT), se os projetos forem aprovados nos moldes que o governo pretende, os movimentos e a sociedade civil poderão recorrer à justiça e buscar instrumentos jurídicos para impedir a sua aplicação. “O ideal é, desde já, iniciar as denúncias e protestos em relação a essa intenção do governo”, afirmou.

Os latifundiários

Apesar das medidas serem favoráveis à legalização da grilagem, o professor Carlos Feliciano acredita que dificilmente os latifundiários/grileiros irão aderir massivamente a esse projeto de lei caso venha ser aprovado.

Ele contou que o estado, historicamente, já tentou emplacar a medida e os fazendeiros nunca aderiram. Isso tem uma explicação. Primeiro, contou Feliciano, eles não se entendem como ocupantes irregulares, pois advogam e são bem orientados para isso, em dizer que a ocupação não foi de má fé. Segundo, ao aderir a esse acordo, eles publicamente assumem que as terras são do Estado, ou seja, eles mesmos reconhecem que foram frutos da grilagem.

“Fazendeiro algum dessa região admitiria isso, pois na concepção deles, essa grilagem não tem sentido com sua ocupação atual”, disse Carlos Feliciano. Além disso, “caso estejam propostos a aceitar esse acordo, somente o fariam se não fosse oneroso para seu bolso”, completou.

Mas, segundo Feliciano, o projeto de lei viabiliza que o Estado regularize (compre) as terras de acordo com seu tamanho e destine o recurso para um Fundo de Desenvolvimento para o Pontal. “Na lógica dos fazendeiros/grileiros não há sentido essa proposta, pois eles ou seus familiares antecessores, em algum momento, compraram de boa fé essas terras, então, eles novamente comprariam o que já são deles”, explicou.

Processo histórico

O Pontal do Paranapanema é, historicamente, uma área de disputa desde sua ocupação, baseada, segundo informações divulgadas na tese de doutorado do professor Carlos Feliciano, na expropriação indígena, na grilagem de terras e no desmatamento.

Hoje, a disputa é travada pelas classes sociais existentes na região. Ou seja, de um lado, os fazendeiros. Do outro, os camponeses. Segundo Valmir Rodrigues Chávez, mais conhecido como Bil, Dirigente Estadual do MST, as usinas de açúcar se organizaram com o agronegócio para arrendar terras que deveriam ser destinadas à Reforma Agrária.

“Alckmin está tentando tirar algumas cláusulas do projeto para atender, exclusivamente, aos usineiros e grileiros”, afirmou Bil.

Além disso, de acordo com Bil, quem gera emprego na região são os assentamentos. “As empresas chegaram gerando empregos de fachada. Trouxeram as tecnologias ligadas ao plantio e ao corte de cana, que, consequentemente, gerou crises agudas na região”, informou. Ele também lembrou que, antigamente, saiam da região 23 ônibus com bóias-frias em direção às usinas. Hoje, saem apenas três ônibus. “Então, é mentira que as empresas trouxeram emprego para a região”, disse indignado.

“Eu estou na região desde 1983. Acompanho todo o processo de disputa por terras na região bem de perto e os grileiros, hoje, têm Geraldo Alckmin como aliado”, desabafou Bil.

Dados comprovam privilégio a deputados da base governista na liberação de verbas em SP

Crédito:
Levantamento feito pela assessoria técnica da Bancada do PT, com informações disponibilizadas pelo site oficial, deixa claro a forma não republicana com que o governo de São Paulo trata a liberação de emendas aos parlamentares. Os deputados que compõem a base de sustentação do governo tucano na Assembleia Legislativa tiveram mais emendas contempladas.

De um total de R$ 48 milhões liberados pelo Estado, R$ 15,9 milhões foram para deputados tucanos, R$ 9,6 milhões para parlamentares do DEM e R$ 7 milhões para o PV.
O PT, que compõe a maior Bancada na Assembleia, teve liberado pouco mais de R$ 3 milhões em recursos.

Se compararmos a média por deputado, os números também comprovam a diferença como são distribuídos os valores. Os parlamentares do DEM, PRB e PTB, por exemplo, tiveram cerca de quatro vezes mais dinheiro (cerca de R$ 1 milhão cada) para emendas liberado do que os petistas. Na comparação como o PSDB, os deputados do PT também foram menos favorecidos. Os tucanos tiveram uma média de R$ 693 mil em emendas, enquanto os petistas tiveram apenas R$ 270 mil.

A tabela acima utilizou que os dados que estavam disponíveis no www.saopaulo.sp.gov.br, em 5/10/2011, referentes as liberações de 2010 pela Secretaria de Planejamento e em 2011 pelas secretarias de Planejamento, Cultura, Desenvolvimento Social, Turismo e Saúde.

Omissão do governo do Estado no caso das emendas

O depoimento por escrito do deputado Roque Barbiere (PTB) ao Conselho de Ética retrata a omissão do governo do Estado em apurar a denúncia sobre a suposta “venda” de emendas parlamentares, uma vez que autoridades da atual administração teriam sido alertadas. E mais, pode ser caracterizada a própria conivência do Executivo, caso sejam provadas as acusações do petebista.

Barbiere foi enfático ao rebater o governador Geraldo Alckmin que, na última quarta-feira (5/10), garantiu que tanto o secretário de Planejamento, Emanuel Fernandes, como a subsecretária da Casa Civil para Assuntos Parlamentares, Rosmary Corrêa, não teriam sido comunicados sobre o “esquema”. O deputado afirma que: “Duvido muito que tanto o secretário Emanuel e a delegada Rose, na minha presença, neguem o relato da conversa que tive com eles.”

E o confronto prossegue: "Por que será que o governo se manifesta com tanta veemência se eu não os acusei, ainda, de fazer nada errado?”

O deputado cobra também do governo tucano a falta de resposta ao requerimento que protocolou na Casa Civil em 22 de dezembro de 2010, no qual fazia questionamentos sobre as emendas. "No mínimo o governo deveria pensar: `por que será que um deputado que nos apóia com tanta lealdade e por tanto tempo, está perguntando isso?` Por que o governo não me ligou e perguntou? Pode até ser que esqueceram, ou não tiveram O que não pode é tentar me fazer passar por mentiroso e dizer que não os alertei".

Barbieire, ainda, disse achar "estanho" que o então chefe da Casa Civil, Luiz Antonio Guimarães Marrey, tenha afirmado "lembrar-se vagamente" do documento. "Ele lembrou-se da data exata, mas do assunto não. Estranho, não acham?", perguntou.

Assista o comentário da jornalista Renata Lo Prete no Jornal da Dez - Globo News - em 6/10/2011.



Abaixo, em anexo, o depoimento do deputado Roque Barbiere entregue ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa.

Depoimento por escrito de Roque Barbiere ao Conselho de Ética

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