PT cobra investigação de contratos com a Sabesp
(do O Estado de São Paulo, por Fábio Serapião)
A oposição deverá protocolar hoje duas representações no Ministério Público Estadual pedindo a investigação e explicações sobre contratos da Sabesp feitos com empresas ligadas ao empresário Gregório Wanderlei Cerveira – preso em 20 de maio por suposto envolvimento em contratos fraudulentos na empresa de saneamento de Campinas, a Sanasa.
A decisão foi tomada após o Jornal da Tarde divulgar escutas telefônicas nas quais o empresário e um de seus funcionários mostram-se preocupados com a possibilidade de notícias sobre o envolvimento no escândalo campineiro “contaminarem” contratos com a empresa estatal ligada ao governo paulista. No total, empresas e consórcios nos quais Cerveira tem participação possuem cerca de R$ 58 milhões em contratos com a Sabesp.
Encabeçados pelo líder da minoria na Assembleia Legislativa, João Paulo Rillo (PT), os 27 deputados da oposição vão cobrar da Promotoria apuração sobre possíveis atos de improbidade administrativa e eventuais prejuízos ao erário público. Além disso, outro documento será encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, pedindo “aprofundamento” nas investigações de contratos de estatais com empresas envolvidas nos suposto esquema de fraudes em Campinas.
“Nosso objetivo é que se investiguem todas as possíveis irregularidades em contratos dessas empresas com órgãos públicos”, afirmou Rillo, para quem a postura do MPE de investigar só o caso de Campinas é “estranha”.
Vice-líder da bancada petista na Assembleia, Luis Cláudio Marcolino disse que eventuais irregularidades devem ser esclarecidas em sua “totalidade”, não importando siglas ou posições políticas – em Campinas, um dos investigados é o vice-prefeito, filiado ao PT.
Outro lado
A Sabesp não comentou as escutas, mas negou ilegalidade nos contratos com empresas de Cerveira. Antonio Carlos Germano Gomes, advogado do empresário, por sua vez, afirmou que os indícios de irregularidades citados pelo MP são “insustentáveis”. Segundo ele, as escutas indicariam preocupação com “prejuízo empresarial” se a Hydrax, que tem Cerveira como sócio, fosse citada.